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AJAP: anteriores governos tiveram “falta de sensibilidade política” em relação à agricultura deixando-a “quase à sua sorte”

“Um dos mais importantes sectores produtivos em Portugal mereceu (…) destaque na semana passada, nomeadamente o sector dos vinhos. Infelizmente, por razões negativas, estes factos deixam transparecer algumas falhas (associadas também a outras produções), que todos em conjunto (Governo, estruturas organizativas e empresas) devem resolver. Desde logo a falta de sensibilidade política que se tem verificado ao longo do tempo, por anteriores Governos, em relação à agricultura como sector de actividade estratégico, deixando-o quase à sua sorte”, considera a direcção da AJAP – Associação dos Jovens Agricultores de Portugal.

E adianta a Associação, em nota de imprensa, que “isto fez com que nos dias de hoje este se apresente com inúmeras fragilidades, pouco estruturado, com agricultores muito envelhecidos, desacreditados e descapitalizados”, recordando que “a idade média dos nossos agricultores é de 64 anos (país com a população agrícola mais envelhecida da Europa), e a taxa de rejuvenescimento do sector é a segunda mais baixa dos países que integram a União Europeia (UE)”. “Vezes sem conta, o ministro da Agricultura tem referido o baixo rendimento da actividade agrícola, ficando apenas a 40% da média do rendimento dos restantes cidadãos da UE”, adianta a mesma nota.

E frisa que o sector dos vinhos em Portugal atravessa uma “situação extremamente delicada, nomeadamente para os pequenos e médios produtores, devido à ameaça dos agentes da transformação e do comércio que não pretendem comprar uma boa parte das uvas da presente campanha”, frisa.

200 milhões de litros de vinho por escoar

“No momento em que as vindimas arrancam em todo o País, as estimativas apontam para um stock de cerca de 200 milhões de litros de vinho por escoar de vindimas passadas. E há que ter em conta que a vindima de 2023 foi das mais generosas dos últimos anos”. Produziram-se cerca de 750 milhões de litros, a quantidade mais alta desde 2006, e “uma das mais elevadas das últimas duas décadas”, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística, acrescenta.

Para a AJAP, a situação assume maior relevância na região do Douro. Segundo Rui Paredes, da Federação Renovação do Douro, os produtores estão na fase das colheitas e não sabem a quem vão entregar as suas uvas. Pelo segundo ano consecutivo, alguns operadores alegam quebras nas vendas e stocks cheios e, por isso, não estão a comprar uvas ou estão a fazer propostas de compra a baixos preços, explica a mesma nota.

Segundo Rui Paredes, “se não forem tomadas medidas que invertam a situação, 2025 pode vir a ser um ano em que muitos viticultores vão abandonar a actividade, pois não é comportável vender com preços que não suportam os custos de produção da maior região de montanha do Mundo. O que se tem vivido nos últimos anos foi um adiar dos problemas do sector, temos assistido à entrada de vinhos importados na região, nomeadamente provenientes de Espanha”.

Por sua vez, o jovem agricultor, viticultor e técnico da AJAP na região do Douro, Rui Monteiro, concorda com Rui Paredes, e diz que “os viticultores do Douro enfrentam uma grave crise, devido ao corte no benefício, à diminuição da produtividade por hectare, e às enormes dificuldades em vender a produção. Corremos o risco de, nesta campanha, ficarem muitas vinhas por vindimar”.

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