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UNAC prevê queda do valor da cortiça. E alerta: “extrair sem assegurar previamente a venda diminui exponencialmente o poder negocial”

“A campanha de 2024 abriu com uma menor pressão da indústria na procura de cortiça e com propostas de preço que apontam para uma correcção em baixa do valor da cortiça, com maior impacto nos segmentos mais elevados de qualidade”, realça uma circular da UNAC – União da Floresta Mediterrânica. E alerta: “reforçamos, extrair sem assegurar previamente a venda da cortiça diminui exponencialmente o nosso poder negocial”.

Segundo a mesma circular, “numa realidade de mercado pressionado para corrigir preços em baixa, garantir a venda da cortiça previamente à sua extracção é essencial”. A decisão de venda “tem de ser devidamente ponderada em função das características de cada cortiça e da situação específica de cada produtor”.

E, continua a UNAC, deve assentar sempre em três pressupostos de base:

  • Conhecer as características da cortiça a vender, a realização de uma Análise da Cortiça (amostra) permite identificar os parâmetros que poderão valorizar ou desvalorizar essa mesma cortiça;
  • Garantir a venda da cortiça sempre previamente à sua extracção;
  • Preferencialmente, extrair a cortiça por conta e risco do proprietário, garantindo o acompanhamento cuidado e regular da extracção.

Adianta a mesma circular, discutida no âmbito da UNAC e das associadas que a constituem (ACHAR – Associação dos Agricultores de Charneca; Aflobei — Associação de Produtores Florestais da Beira Interior; Aflosor – Associação de Produtores Agroflorestais da Região de Ponte de Sôr; ANSUB – Associação de Produtores Florestais do Vale do Sado; APFC — Associação de Produtores Florestais; e SuberÉvora — Associação de Produtores Florestais), o padrão de compras dos últimos 5 anos, com uma concentração das compras no 1º trimestre do ano, não ocorreu em 2024.

Tal decorre de duas realidades:

  • Uma quebra das vendas de rolhas e uma estagnação dos mercados dos outros produtos de cortiça no 2o semestre de 2023 e 1o trimestre de 2024;
  • Boas existências de produto na indústria, que se aprovisionou em 2023 para uma perspectiva de patamar de vendas mais elevado;

Em termos climáticos, a precipitação abundante entre Outubro e Dezembro de 2023 “permitiu recuperar os teores de humidade do solo em todo o País, sendo este padrão climático determinante para a recuperação fisiológica dos Montados e para uma expectativa de boas condições para a extracção”, pode ler-se no documento, que acrescenta que “o Inverno foi caracterizado por uma temperatura média elevada, o que antecipou o fenómeno da mudança da folha em 2-3 semanas”.

Aguardar pelo término da mudança da folha

“A relação que existe entre o processo de mudança da folha e o funcionamento da felogene (camada responsável pela produção de novas células de cortiça) avaliado pelo teor de humidade da cortiça na barriga, que aumenta à medida que a copa do sobreiro se renova, permitindo a adequada extracção de cortiça sem danos, é um factor monitorizável que permite aferir a época óptima de início da extracção, que difere necessariamente entre realidades edafo-climáticas diversas. A boa prática silvícola aconselha a que se aguarde pelo término da mudança da folha, para iniciar a extracção da cortiça”, realça aquela circular.

Por outro lado, avança que “o ano de 2015 (novénio anterior) correspondeu à maior tirada do novénio em termos da quantidade média de cortiça extraída, pelo que se perspectiva a manutenção na dificuldade de contratação de tiradores, bem como a pressão para extrair ‘no cedo’, opção perigosa e potencialmente danosa em termos estruturais para os sobreiros. O acompanhamento cuidado da operação de extracção é essencial para avaliar a sua qualidade e evitar danos, nomeadamente o descolamento do entrecasco e as feridas de extracção”.

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