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O verão que ficará na História

Artigo de opinião de Paulo Chaves, engenheiro, com actividade profissional no sector da Tecnologia, e membro da Iniciativa Liberal

O verão de 2023 ficará na História pela variedade, amplitude e violência de múltiplos fenómenos climáticos extremos. Tivemos uma gigantesca onda de calor em metade da Europa, intervalada por tempestades violentíssimas na Suíça e norte de Itália. Nos telejornais vimos cidades a derreter de calor e cidades varridas por enormes massas de água, com grandes blocos de gelo arrastados pela corrente. No Canadá fogos florestais queimaram uma área superior a Portugal Continental e a nuvem de fumo resultante cobriu Nova Iorque, a mais de 600 km de distância chegando a Lisboa, a 7000 Km de distância. Neste verão, as altas temperaturas atingiram valores inéditos em locais tão díspares como Phoenix, nos EUA e Pequim, na China. Simultaneamente, no hemisfério sul, onde é inverno, foram atingidas temperaturas de 38ºC na Argentina e no Chile.

Estes fenómenos têm um enorme impacto na produção agrícola. A seca baixou drasticamente a produção de azeite em vários países, tendo a Turquia proibido a exportação desse produto e, pelas mesmas razões, a India proibiu a exportação de vários tipos de arroz. No norte da China, a canícula e a seca arruinaram a produção de milho, enquanto, no centro do país, as cheias arruinaram a colheita de trigo. Em toda a China a produção de arroz e a pecuária têm sido muito afetadas pelas alterações climáticas.

Também o transporte de mercadorias está a ser afetado pela seca, que obrigou a uma redução no tráfego de navios no Canal do Panamá. Como se tudo isto não bastasse, em julho, a temperatura média do oceano atingiu o valor mais alto dos últimos 45 anos. A temperatura do Mar Mediterrâneo atingiu o valor mais alto, desde que há registo, não sendo, ainda, claro o impacto que isto terá na sua flora e fauna marinhas. Estes fenómenos têm uma relação direta com as alterações climáticas e tenderão a agravar-se à medida que vai aumentando o desvio da temperatura do planeta, relativamente ao seu valor médio pré revolução industrial.

Importante descarbonizar a economia

A mesma revolução industrial, que esteve na origem das sociedades modernas, as mais ricas e saudáveis de sempre, tem, como reverso da moeda, um imenso incremento na emissão de gases com efeito de estufa, como o dióxido carbono, que, ao concentrar-se na atmosfera, provoca os fenómenos descritos anteriormente, com consequências ainda imprevisíveis nos planos social, económico e político. É por tudo isto que é tão importante descarbonizar a economia e cumprir, neste domínio, os compromissos internacionais assumidos por Portugal.

Na Iniciativa Liberal encaramos a ameaça das alterações climáticas de forma humanista, responsável e otimista. Humanista porque as gerações futuras, de todos os países, em todos os continentes, têm o mesmo direito de viver num planeta com um clima estável e igual àquele de que beneficiaram as gerações anteriores. Responsável, porque as alterações climáticas devem ser encaradas de frente, por todos, cabendo também à livre iniciativa da sociedade civil, ao mercado-livre e ao capitalismo um papel crucial na descarbonização da economia. Aos governos cabe a definição das metas a atingir e a garantia das condições de contexto necessárias para que isso aconteça. Otimista, porque temos aqui uma oportunidade de crescimento económico e de tornar ambientalmente sustentáveis os meios de produção de riqueza, que desde a Revolução Industrial são responsáveis pelo enorme salto na qualidade e esperança de vida da humanidade.

Teremos em breve a oportunidade de apresentar o Manifesto da Iniciativa Liberal para a Sustentabilidade e um Crescimento Verde, que irá indicar as linhas políticas que propomos para permitir um crescimento económico sustentável e para transformar esta enorme ameaça numa oportunidade única de desenvolvimento.

Agricultura e Mar

 
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