Os técnicos do Instituto Nacional de Estatística (INE) dizem que “as chuvas afectam estado sanitário das uvas, mas promovem o enchimento do bago e o aumento do teor de açúcares”.
Refere o INE, no seu Boletim Mensal da Agricultura e Pescas – Outubro de 2022, que as vindimas decorreram ao longo do mês em todas as regiões vitivinícolas, com interrupções nos períodos de maior precipitação, e deverão prolongar-se até meados de Outubro.
O desenvolvimento das uvas foi fortemente marcado pelas altas temperaturas e pela falta de humidade: numa cultura maioritariamente de sequeiro, o stress hídrico foi muitas vezes evidente, com impacto no desenvolvimento dos bagos que, apesar de em elevado número por cacho, mantiveram-se pequenos e leves.
Por outro lado, e de uma forma territorialmente muito abrangente, o calor extremo de Julho originou situações de escaldão e dessecação dos cachos, bem como de desenvolvimento heterogéneo das uvas (mesmo ao nível da própria videira), acrescenta o INE.
E realça que a manutenção ao longo de Agosto deste cenário meteorológico provocou uma paragem no desenvolvimento dos cachos, que deixaram de evoluir e estagnaram em níveis de açúcar relativamente baixos, levando a que muitas adegas (quer particulares, quer cooperativas) optassem por antecipar o início da recepção das uvas por forma a minimizar as perdas.
Por outro lado, a precipitação de Setembro, apesar de ter originado uma depreciação no estado sanitário das uvas (nomeadamente devido ao surgimento de podridão cinzenta), desbloqueou a paragem fisiológica, permitindo o enchimento dos bagos e o aumento do teor de açúcares (e, consequentemente, o potencial alcoólico dos mostos).
“Globalmente, estima-se uma diminuição de 15% na produção de vinho, face à vindima anterior. Antevêem-se vinhos de qualidade, com bom equilíbrio entre o teor alcoólico e a acidez”, refere o Boletim Mensal da Agricultura e Pescas – Outubro de 2022.
E acrescenta que, na uva de mesa, a diminuição da produção deverá rondar os 10%, face a 2021.
Agricultura e Mar