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PONG-Pesca: Portugal e UE fazem progressos para acabar com sobrepesca, mas aquém dos compromissos legais e ambientais

A PONG-Pesca – Plataforma de ONG portuguesas sobre a pesca, terminadas as negociações no Conselho Europeu de Ministros da Agricultura e das Pescas, considera que “na sombra do Brexit e da Covid-19, Portugal e UE fazem progressos para acabar com a sobrepesca”, mas ficam “aquém dos compromissos legais e ambientais”.

“Num ano condicionado pela pandemia provocada pela Covid-19 e o resultado ainda incerto das negociações do Brexit, ficaram definidas várias quotas importantes para Portugal, algumas delas acima dos níveis aconselhados pela ciência, o que põe em risco a saúde dos ecossistemas marinhos e a sustentabilidade das pescarias que deles dependem”, diz um comunicado da Plataforma.

As negociações no Conselho Europeu de Ministros da Agricultura e das Pescas, a reunião final do ano em que habitualmente se decidem as quotas de pesca para a União Europeia (UE) para o ano seguinte, terminaram esta madrugada, de 17 de Dezembro.

Mas, a PONG-Pesca diz que, “apesar das incertezas processuais que pautaram as negociações, no que toca às quotas importantes para Portugal, estas acabaram por não sair grandemente prejudicadas, já que entre os cerca de 30 Totais Admissíveis de Captura (TAC) que  são geridos em exclusivo pela UE se encontram vários de grande importância para Portugal, como a pescada, a solha, o  linguado, o carapau, o espada-preto, o tamboril ou o goraz. Apesar de os números finais ainda não serem conhecidos, tudo indica que vários TAC foram fixados acima do que era aconselhado pelos pareceres científicos”.

Pareceres científicos

As Organizações Não Governamentais de Ambiente portuguesas já tinham congratulado a Comissão Europeia  pelas suas propostas de TAC em linha com os pareceres científicos para os stocks em que Portugal tem interesse. Esta é, de  resto, uma exigência da Política Comum das Pescas (PCP) que também se encontra expressa no Acordo das Nações Unidas sobre as Populações de Peixes (UNFSA, na sigla em inglês), do qual tanto o Reino Unido como a Noruega são signatários, que é a matriz na qual a PCP se inspirou para definir os objectivos da gestão pesqueira. “Mas infelizmente, o Conselho terá optado por fixar alguns TAC acima da proposta” da Comissão garante a Plataforma.

Os responsáveis da PONG-Pesca, “para além de lamentarem a habitual e continuada falta de transparência e a  resistência dos decisores políticos em partilhar com a sociedade civil informações relevantes, relembram que o facto de haver menos quotas a serem discutidas neste Conselho não minimizava a responsabilidade dos governantes europeus em garantir decisões baseadas em ciência”.

Segundo o mesmo comunicado, a confirmarem-se os resultados preliminares, apesar de algum progresso, “parece claro que a UE falhou mais uma vez o seu compromisso legal de acabar com a sobrepesca, nos stocks em tinha a possibilidade e responsabilidade exclusiva de o fazer. Para além de colocarem em risco os stocks e a sustentabilidade a médio e longo prazo das comunidades piscatórias que deles dependem, as decisões agora tomadas ignoram a urgência do combate à crise climática e à crise da biodiversidade, dois dos grandes desafios ambientais dos nossos tempos e para os quais a manutenção do bom estado do ecossistema oceânico é fundamental”.

Brexit

No entanto, acrescentam os responsáveis pela PONG-Pesca, com as pescas a ocupar um dos lugares centrais nas discussões do Brexit, “grande parte das quotas ficaram por decidir, precisamente por serem partilhadas com o Reino Unido, tendo ficado adiadas para 2021, quando, expectavelmente, haverá mais clareza sobre o futuro das relações UE-Reino Unido. Isto assume particular relevância para Portugal, uma vez que irá presidir ao Conselho da UE no primeiro semestre de 2021, fazendo desta uma oportunidade concreta para o País assumir o papel de liderança que parece querer ter no que toca aos oceanos, a nível europeu e mesmo global”.

Por fim, e a complementar esta conjuntura, no início deste mês, “o primeiro-ministro assinou e apoiou o manifesto do Painel dos Oceanos que, entre muitas outras coisas, desafia ambiciosamente todos os governos a gerir sustentavelmente 100% das suas Zonas Económicas Exclusivas até 2025”.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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