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2022 vai ser um ano de contra-safra no olival mas azeite não vai faltar

O sector oleícola esteve ontem, 11 de Outubro, reunido, no Instituto Politécnico de Beja, para discutir os desafios energéticos do agroalimentar e a economia e sustentabilidade social, no âmbito da 9ª edição das Olivum Talks.

Depois de um ano em que o sector oleícola bateu todos os recordes, com 200 mil toneladas de azeite e 700 milhões de euros em exportações, em 2021, este vai ser um ano de contra-safra e a quebra na produção de azeite já é uma realidade.

No evento, organizado pela Olivum — Associação de Olivicultores e Lagares do Sul, Catarina Bairrão Balula, membro do Conselho Oleícola Internacional (COI), reconheceu que “este será um ano complicado”, mas adiantou que os resultados nunca deverão ficar abaixo dos das campanhas de 2016 e 2017 – cerca de 75 mil toneladas. A especialista afastou ainda quaisquer cenários de escassez de azeite ou de subida acentuada dos preços, deixando uma garantia: “temos um grande stock da produção do ano passado que se soma aos stocks de anos anteriores e haverá resposta para a procura”.

Catarina Bairrão Balula alertou ainda para o facto de outros países, à semelhança de Portugal, também registarem este ano quebras acentuadas na produção de azeite, como são os casos de Espanha (-50%), Itália (-30%) e ainda da Tunísia e de Marrocos. Já a Grécia está em contraciclo e deverá registar um aumento de 30%, assim como também a Turquia.

Na sessão de abertura da 9ª edição das Olivum Talks, o presidente da Comissão de Agricultura e Pescas, Pedro do Carmo, sublinhou que “a olivicultura é parte da solução, nunca o problema” e que “em tempos de incertezas e de dificuldades”, como os que se vivem, “o olival é vital e dá um contributo ainda mais decisivo para as economias locais e para a economia nacional”.

Economia e Sustentabilidade Social

No âmbito da Economia e Sustentabilidade Social – tema do segundo painel e que contou com a participação de Ana Paula Amendoeira (Directora Regional de Cultura do Alentejo), Beatriz Pimentel (Driscoll´s, coordenadora ibérica para as iniciativas de impacto social e ambiental), David Ferreira (Randstad, director de staffing e inhouse) e João Cortez de Lobão (Herdade Maria da Guarda e presidente da assembleia geral da Olivum) – os oradores abordaram os desafios que as empresas do sector vivem ao nível da responsabilidade social, ambiental e cultural.

Aqui destacou-se a importância da harmonia no ambiente de trabalho, do conhecimento criterioso das regras de trabalho e dos esforços das empresas para esbater os efeitos da inflação e da subida de preços dos alimentos na vida e nas carteiras dos seus colaboradores, realça a Olivum em nota de imprensa.

João Cortez de Lobão defendeu a procura de soluções criativas por parte das empresas e deu exemplos que estão a ser equacionados – a distribuição de lucros pelos trabalhadores, que tem taxas de impostos mais baixas e não implica descontos para a segurança social, ou a oferta de cabazes alimentares aos trabalhadores em determinados momentos. “Nos próximos 3 a 4 anos temos de ter criatividade e minimizar os efeitos da inflação, que come o poder de compra”, afirmou o presidente da assembleia geral da Olivum.

Desafios energéticos

No painel dedicado aos desafios energéticos do sector agroalimentar foi reconhecido o papel do sector oleícola no reaproveitamento das energias que consome e o seu contributo para a sustentabilidade energética. João Gonçalves, presidente da APAMB – Associação Ambiental, chamou a atenção para o facto de a indústria agroalimentar ser muitas vezes alvo de críticas apenas por questões de percepção. E assumindo que essas críticas continuarão sempre a existir defendeu que “é importante encontrar caminhos e soluções que possam desmistificar essas ideias, que mostrem que há um reconhecimento da forma como se produz e consome energia neste sector”. Para tal, acrescentou que as análises evolutivas do sector têm um papel fundamental e que devem continuar a ser feitas porque são dinâmicas. “O sector pode defender-se com números e evidencia cientifica”, rematou.

Pedro Horta, da Universidade de Évora, defendeu, por seu lado, que as energias renováveis vão ser a solução para a sustentabilidade do sector oleícola e de todos os outros sectores – apontando a meta de 86% de energias renováveis em 2050.

Já o presidente da EDIA — Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva, José Pedro Salema, destacou o facto de a estratégia de independência energética da empresa ter como objectivo salvaguardar o futuro do planeta, mas também de garantir que os preços da energia que consome se mantêm.

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