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Saída de campo na Serra da Estrela revela potencial da gestão activa de pinheiro-bravo após incêndios

A visita de campo “Estratégias de Gestão de Pinhal” decorreu em Verdelhos (Covilhã) e Famalicão da Serra (Guarda), no dia 27 de Outubro de 2022, tendo demonstrado o potencial da gestão activa de pinheiro-bravo, mesmo após os incêndios do Verão.

Tratou-se de uma iniciativa organizada pelo Centro Pinus — Associação para a Valorização da Floresta de Pinho e o Centro de Competências do Pinheiro-Bravo, em parceria com o Baldio de Verdelhos, a Baladi – Federação Nacional dos Baldiose a FlorestGal, empresa pública de gestão e desenvolvimento florestal.

A iniciativa, dirigida a técnicos com funções de gestão de pinhal, dirigentes públicos ou privados com actuação no sector florestal, estudantes e docentes de ciências florestais, encontrava-se previamente agendada antes dos incêndios que ocorreram na Serra da Estrela com o objectivo de dar a conhecer bons exemplos de gestão em pinhal. O Centro Pinus, juntamente com os parceiros, optou por manter a visita de campo com o objectivo de dar a conhecer, também, “o bom exemplo de actuação após os incêndios”.

60 participantes

Esta visita de campo teve 60 participantes inscritos e 20 organizações representadas, entre as quais o ICNF — Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, órgãos gestores de baldios, técnicos florestais dos municípios da Covilhã e da Guarda, a Escola Superior Agrária de Viseu, organizações de produtores florestais, empresas prestadoras de serviços silvícolas e de consultoria, consumidores de madeira de pinho e, também, ONGA´s.

O Baldio de Verdelhos (Covilhã), com cerca de 2.200 hectares, “é considerado um bom exemplo de gestão comunitária e tem no pinhal a mais importante fonte de receita e de dinamização da economia local, assegurando 10 postos de trabalho directos e dezenas de outros indirectos”, refere uma nota de imprensa do Centro Pinus.

Aplicação de mulching com palha de centeio

O “dinamismo e a acção imediata deste Baldio após o incêndio” foi explicado por David Martins, presidente do conselho directivo do Baldio de Verdelhos que contextualizou e mostrou, no local, as medidas de prevenção da erosão do solo e de conservação das linhas de água em curso. Explicaram-se as vantagens da aplicação de mulching com palha, das sementeiras de centeio e a deposição de materiais localmente disponíveis, como a madeira ardida e sobrantes de exploração florestal, em áreas estratégicas.

Estas acções marcam o início das acções de estabilização de emergência imediatamente após o incêndio e antes das primeiras chuvas. A autonomia deste Baldio, refere a mesma nota, “permitiu agir de imediato na preservação do solo, o principal activo da comunidade. O mesmo com a venda da madeira de pinho ardida, com a valorização para serração que, regra geral, deve ser escoada até 4 meses após o incêndio”.

Venda rápida da madeira queimada

Esta opção permitiu, ainda, “minimizar a perda de receitas inerente à diminuição de peso da madeira que se vai acentuando com o tempo, após o incêndio”. O Baldio de Verdelhos fez a comercialização utilizando várias estratégias em que, além das tradicionais hastas públicas com venda de madeira em pé, também contratou serviços de corte e rechega, vendendo a madeira em carregadouro ou directamente ao consumidor final, reduzindo o número de intermediários no processo de comercialização.

O impacto positivo da iniciativa do Baldio de Verdelhos “estende-se aos proprietários vizinhos do baldio que beneficiam da dinâmica existente para comercializarem madeira proveniente de pequenas parcelas que, dada a sua dimensão, dificilmente viabilizariam uma operação de exploração florestal”, frisa o Centro Pinus.

Com as receitas provenientes da venda da madeira, o Baldio de Verdelhos irá reinvestir na recuperação dos activos florestais. Assim, parte das receitas será utilizada na condução da regeneração natural de pinhal-bravo que ocorrerá na maioria do baldio, após a perturbação.

A título de exemplo, foi referido que aproveitar a regeneração natural de carvalho em subcoberto de pinhal, de modo a converter progressivamente e, em sucessão, a ocupação do solo, pode ser mais eficaz e mais barato do que realizar novas plantações.

Durante a visita, foi inevitável uma reflexão conjunta sobre o futuro daquele território. Para David Martins, a compartimentação com folhosas e áreas de pastagem e centeio era uma estratégia que o baldio já tinha dado início e que terá continuidade, mas o porta-voz do Baldio de Verdelhos não tem dúvidas que “o pinheiro-bravo é a única espécie florestal bem-adaptada à maior parte da área do baldio que gere, estando convicto que a plantação de folhosas, em certos locais, não terá sucesso”.

Visita no concelho da Guarda

Durante a tarde, a visita foi guiada por por António Nora, director florestal da FlorestGal, em Famalicão da Serra. Os participantes ficaram a conhecer as acções de gestão florestal implementadas na propriedade, situada no concelho da Guarda, antes dos incêndios.

Assistiu-se, ainda, a algumas das medidas de gestão pós-fogo com o objectivo de recuperar a vitalidade e a biodiversidade de povoamentos plantados nos anos 80, como a instalação de caixas-ninho no pinhal. Esta solução pretende compensar a perda de habitats e fixar algumas espécies da avifauna que contribuem para a atenuação do impacto de pragas associadas aos incêndios, de que são exemplos espécies como o chapim de crista, o chapim carvoeiro ou o chapim-azul.

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