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Produtores de leite queixam-se do corte de ajudas da PAC e da “imagem negativa da agricultura e da pecuária nas escolas e na comunicação social” e pedem intervenção do Presidente da República

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou hoje, 10 de Maio, a Sociedade Agrícola Carreira Gonçalves, em Esposende. Trata-se de uma empresa agrícola familiar que há várias gerações se dedica à produção de leite e carne.

Durante a visita, a direcção da Aprolep – Associação dos Produtores de Leite de Portugal aproveitou para pedir a intervenção do Presidente da República sobre alguns dos temas que mais preocupam os agricultores e produtores de leite, nomeadamente o preço do leite e custos de produção, a redução das ajudas da Política Agrícola Comum (PAC) e a “imagem negativa da agricultura e da pecuária nas escolas e na comunicação social”.

Segundo a Aprolep, em Fevereiro de 2021, o preço médio ao produtor foi 30 cêntimos/kg, o terceiro mais baixo da Europa. “Não temos qualquer indicação de subida desse preço. Em Dezembro de 2020 o preço da ração começou a subir. Há agricultores a pagar 40 cêntimos por kg de ração. Apesar de ser apenas 20% da quantidade total de alimento ingerida por uma vaca, a ração representa 50% dos custos de uma vacaria”.

E explicam que este aumento das rações “representou um aumento nos custos de 2 cêntimos por litro de leite, sem qualquer compensação até ao momento. Isto causa uma grande revolta, preocupação e desânimo entre os produtores de leite. Os mais velhos abandonam, sem haver sucessores porque o rendimento actual não paga o investimento necessário e o trabalho dos agricultores”.

Redução das ajudas da PAC

Por outro lado, os produtores de leite alertaram o Presidente da República para o facto de o preço baixo do leite “tem sido mitigado, ao longo dos anos, com as ajudas da PAC, mas no final de 2020 fomos confrontados com perspectivas que apontam uma enorme redução dessas ajudas anuais. Tem sido apontada pelo Ministério da Agricultura a hipótese de compensar essa redução com um ajuste dos pagamentos ligados e a introdução de “eco-regimes”, mas nada está definido e a preocupação do sector é grande face à incerteza sobre o orçamento disponível para essas medidas”.

A direcção da Associação fez ainda saber a Marcelo Rebelo de Sousa que os produtores de leite “encaram com apreensão e indignação a imagem negativa da produção agrícola e pecuária veiculada através dos meios de comunicação, de reportagens e documentários exibidos na televisão pública, das redes sociais e dos manuais escolares, onde os agricultores são injustamente acusados de ser a principal fonte de poluição do solo, das águas e de maltratar os animais”.

Vacas e aquecimento global

Dizem que as vacas “são apontadas como causadoras do aquecimento global”, mas os dados da Agência Portuguesa do Ambiente mostram que a agricultura representa apenas 10% da emissão de Gases de Efeito de Estufa (GEE), metade dos quais na pecuária. “As vacas leiteiras são apenas 16% do total de bovinos existentes em Portugal, pelo que as emissões do sector devem representar menos de 1% das emissões do nosso País”.

No caso específico das vacas leiteiras, os dados disponibilizados pela Agência Portuguesa do Ambiente apontaram uma redução de 18% da emissão de metano entre 1990 e 2017, devido à redução do efectivo leiteiro. Isso é confirmado pelos dados do último recenseamento agrícola, que apontaram uma redução de 11% no número de vacas leiteiras entre 2009 e 2019.

Para a Associação dos Produtores de Leite de Portugal, “convém ainda destacar que o carbono libertado pelos animais faz parte de um ciclo e foi antes captado pelas plantas com que os animais se alimentam. Fazendo o balanço de todo o complexo agro-florestal, contabilizando o carbono captado nas pastagens e floresta, estima-se que o sector contribua apenas com 1% das emissões de GEE em Portugal, sendo, portanto, abusiva e tendenciosa a tentativa de atirar para a agricultura e para as vacas a culpa do aquecimento global”.

A Aprolep “saúda a atenção que o Presidente da República dedicou hoje à produção de leite através de uma visita à Sociedade Agrícola Carreira Gonçalves, em Esposende”, onde teve oportunidade de “confirmar as condições de bem-estar em que as 180 vacas leiteiras estão alojadas, visitar a moderna sala de ordenha e o armazenamento do leite que cumpre com todas as regras de segurança alimentar, elogiando o leite e os excelentes queijos nacionais produzidos em várias queijarias familiares e cooperativas, que teve oportunidade de provar”.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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