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Plantas Invasoras no Parque Natural de Sintra-Cascais. Um problema que urge controlar

Opinião de Luísa Lourenço, membro do Colectivo de Lisboa do Partido Ecologista Os Verdes (PEV)

Uma das maiores ameaças à biodiversidade dos ecossistemas no nosso país é a expansão de plantas invasoras, plantas exóticas com capacidade de colonizar rapidamente áreas fragilizadas ou com escasso coberto vegetal, quer pela ocorrência de incêndios, quer pelo abandono do seu uso agrícola ou florestal.

No Parque Natural de Sintra-Cascais esta é uma ameaça antiga e cada vez mais preocupante. Há várias décadas que uma vasta lista de espécies invasoras tem colocado em alerta esta área protegida, como as acácias, os pitósporos, as háqueas, o chorão e as canas.

Os incêndios e o abandono dos terrenos agrícolas e florestais têm promovido a ocupação de novas áreas por estas espécies. É uma das preocupações do Parque Natural de Sintra-Cascais e muito trabalho tem sido desenvolvido no sentido de contrariar esta ameaça. Mas é claramente insuficiente.

É necessária a alocação de mais meios humanos e materiais para trabalhar neste problema. É preciso investir mais na prevenção, para que se consiga intervir em novos focos de invasão num curto espaço de tempo; na sensibilização da população para o risco destas espécies e na fiscalização, de forma a garantir que não sejam comercializadas e/ou plantadas.

É preciso investir mais na contratação, na formação e na valorização dos vigilantes da natureza, dos sapadores e dos jardineiros, para que se criem grupos de trabalho estáveis, com experiência, conhecedores das particularidades de cada espécie e do próprio parque. O recurso recorrente a contratação externa não é eficaz.

A solução do recurso a herbicidas é uma não-solução. É resolver um problema criando outro. Precisamos sim de um maior investimento em meios humanos e materiais, pois é a única solução para o controlo das espécies invasoras a longo prazo

Recentemente, o Parque Natural de Sintra-Cascais, e praticamente todo o território de Portugal continental, principalmente o litoral, debate-se com uma nova ameaça: a erva-das-pampas. Esta planta é uma invasora muito agressiva e cada planta feminina pode produzir um milhão de sementes que facilmente se dispersam com o vento, agarradas às nossas roupas ou a qualquer veículo automóvel.

É muito preocupante as áreas que já colonizou em plena serra de Sintra, mas também a acelerada proliferação que está a acontecer na zona rural do Parque, onde ocupam já extensas áreas de terrenos não cultivados, bermas de caminhos e taludes. Por outro lado, estradas como a IC19 e a A16, minadas por esta espécie, constituem importantes vias de disseminação das sementes para dentro do Parque Natural e para outros pontos do país.

É difícil de combater? É, muito. É dispendioso? Sim, dirão incomportável. Mas quanto incomportável será se não se fizer nada ou se fizer pouco ou se fizer insuficiente? Implicará perdas incomportáveis de biodiversidade, pela ocupação de áreas de matos, terrenos agrícolas e incultos, tão importantes para a preservação da fauna silvestre que ainda existe; implicará gastos avultadíssimos no seu controlo porque são plantas com elevado potencial alergénico, pelo que a população acabará por exigir o seu controlo; e poderá levar a ainda perdas maiores na biodiversidade e na nossa saúde porque, para as controlar e perante níveis de evasão crescentes, as entidades competentes vão apresentar o recurso a herbicidas como inevitável.

A solução do recurso a herbicidas é uma não-solução. É resolver um problema criando outro. Precisamos sim de um maior investimento em meios humanos e materiais, pois é a única solução para o controlo das espécies invasoras a longo prazo.

Precisamos de mais pessoas a trabalhar na floresta, na agricultura e nos espaços verdes, por uma prevenção eficaz contra a deterioração dos espaços e por um incremento na produção de valor, porque Sintra e o seu Parque, enquanto locais tão valorizados pelo turismo da natureza, só ganham em investir na sua preservação.

Por outro lado, as operações em curso, em termos nacionais, de cogestão ou municipalização das áreas protegidas, como Os Verdes têm denunciado e feito oposição, não irão contribuir para reduzir as pressões exercidas sobre estes espaços nem ajudar a combater o problema das espécies invasoras, pelo contrário.

Na gestão das invasoras temos de prevenir, para que não andemos sempre a correr atrás do prejuízo. E o prejuízo será enorme, se fizermos nada ou fizermos pouco.

Agricultura e Mar

 
       
   
 

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