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Censos 2021 a virar horizontes para a Juventude

Artigo de opinião de Séfora Costa, Presidente da Juventude Popular Açores

Séfora Costa

Os resultados estatísticos dos Censos deste ano não são surpresa para ninguém. O despovoamento é há já alguns anos a tendência. Nos Açores, a população registou um declínio considerável, de 4,1% desde 2011.

O arquipélago tinha 246.772 habitantes em 2011 e perdeu 10.115 no espaço de 10 anos, tendo agora 236.657 residentes.

Somos a quarta região do País a perder mais população, fato este, que deve ser levado com preocupação e que exige uma resposta imediata.

E onde vamos ao encontro das respostas para estas dificuldades? Aos jovens. São eles, o presente e o futuro de amanhã. Os objectivos terão que, reforçadamente, continuar a ser a projecção dos jovens como cidadãos de corpo inteiro e pleno direito, capazes de serem actores nos campos económico, social, cívico e político.

A Região precisa, mais do que nunca, do empenho activo dos seus jovens na construção do futuro e estou certa que a juventude e as suas organizações serão capazes de responder à chamada

Ao estado, local e nacional, compete, mais do que nunca, o estímulo à iniciativa jovem por meio das associações juvenis, bem como o apoio justo à emancipação condigna das jovens gerações. No meio encontram-se as ferramentas para esse fim, as políticas de juventude, discutidas, definidas e avaliadas em conjunto, por jovens e políticos, para fazerem das vontades e intenções uma realidade traduzida em actos.

Criar condições para atrair população

Em primeiro lugar, priorizar nas agendas políticas uma estratégia para a fixação de jovens nos concelhos que são mais afectados por este flagelo. O percurso de vida normalizado passa pela conclusão do ensino secundário, a consequente partida para uma instituição de ensino superior, e, depois, o possível não retorno de quem parte para solidificar a sua educação. Não deve ser assim. Quem parte pode sempre regressar. Basta que se criem as condições indispensáveis para atrair população: a implementação de um plano de habitação digno e isento de especulação, a criação e manutenção de postos de trabalho valorizados e o desenvolvimento de uma rede de transportes mais eficaz que facilite os acessos. Só assim se poderá inverter esta tendência, que conseguimos já avistar.

Aos jovens caberá sempre a construção de um futuro colectivo com um papel mais atrevido e destemido, sendo por isso importante activá-los neste processo, para que coloquem o seu poder criativo e a capacidade de inovação social ao serviço da região. Que as muitas ideias, a energia positiva e a motivação natural que vimos ser implementadas durante a pandemia, das jovens gerações, sejam catalisadoras de esperança e inspiração, pois faz parte de ser jovem acreditar que somos capazes de transformar a região numa região ainda melhor.

Após um ano tão atípico e desafiante, é agora altura de virar a página e recomeçar com a mesma vontade, espírito de optimismo e entreajuda que moveram muitos jovens no início desta pandemia.

Por todos estes motivos, temos entendido que não nos podemos abster de tomar a política pelas nossas próprias mãos e ter um papel activo na organização social do mundo que nos rodeia, uma forma de o reorganizar, de lhe dar sentido. A transformação social nunca aconteceu a partir de um grupo de pessoas iradas com o estado das coisas. Sempre foi preciso que elas se unissem, organizassem, debatessem com a sociedade a natureza dos seus problemas.

A resposta a estas dificuldades, que limitam a concretização das suas aspirações e a sua inserção na sociedade, terá de ser, invariavelmente, global, transversal e intersectorial, no quadro das medidas que a região e a Europa preparam e já implementam para defender o emprego, os rendimentos e evitar a propagação recessiva.

É por isso que o muito significativo aumento dos orçamentos, que estava previsto quer na proposta do Parlamento Europeu quer na proposta da Comissão, não deve ser encarado como supérfluo num cenário de crise. Pelo contrário. Neste momento é ainda mais vital uma resposta centrada no conceito da cidadania e articuladora de estratégias de emancipação e de luta contra as desigualdades e exclusões. De uma resposta que promova a participação e valorize o associativismo jovem enquanto portador privilegiado da capacidade interventiva das novas gerações.

Os novos dias trazem com eles a esperança, mas também vão exigir transformações e adaptações a um novo normal, que está a ser delineado.

Acredito que esse futuro será construído por jovens ávidos de mudança, mais atentos, interessados e capazes de superar qualquer obstáculo. Jovens esses que ambicionam uma sociedade na qual seja possível realizar o seu projecto de vida, dar voz às suas causas e ser parte da solução.

A Juventude não representa apenas a esperança no futuro, é parte fundamental de uma rápida alteração do presente. Isso será, sobretudo, importante para um País e para uma Europa mais justa, mais solidária, com mais igualdade de oportunidades e onde ninguém fique para trás.

Não podemos desistir da nossa região. Não podemos acreditar que as nossas opiniões não têm valor. Que as nossas preocupações não são importantes ou relevantes. Não nos podemos render perante as dificuldades.

A Região precisa, mais do que nunca, do empenho activo dos seus jovens na construção do futuro e estou certa que a juventude e as suas organizações serão capazes de responder à chamada.

Para o novo amanhã, somos todos necessários. À juventude será exigida uma acção progressista e inquieta.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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