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Prémio Quercus 2023 colectivo atribuído à população de Jafafe. Marta Cortegano ganha no individual

A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza celebra o seu 38º aniversário dia 31 de Outubro. Este ano o Prémio Quercus é atribuído em duas modalidades: colectivo e individual. São inspiradores o exemplo da mobilização da população de Jafafe (freguesia de Machinata do Vouga, concelho de Águeda) pela protecção do património natural, concretamente de sobreiros junto à linha ferroviária do Vouguinha, e o de Marta Cortegano, pelos projectos colaborativos de regeneração de solo, agroecologia e novas oportunidades para as populações rurais em territórios semi-áridos.

A entrega dos prémios decorrerá após o almoço comemorativo do aniversário da Quercus, a realizar dia 1 de Novembro na sede da Associação Desportiva e Cultural de Jafafe. O valor da inscrição para o almoço reverte integralmente a favor desta associação.

Prémio Quercus 2023 colectivo: População de Jafafe

Em Setembro de 2022 foi dado o alerta por habitantes da aldeia de Jafafe (pertencente à freguesia de Macinhata do Vouga, concelho de Águeda), ao presenciar a marcação para abate de um conjunto de sobreiros magníficos junto à linha ferroviária do Vouga. Uma das pessoas ficou indignada com a intenção de abate dos sobreiros centenários junto da sua habitação, onde reside há 60 anos, e o choque que teve ao saber que o destino dos sobreiros era o seu corte e desaparecimento para sempre, refere uma nota de imprensa da Quercus.

De imediato iniciaram-se muitos contactos, adianta a mesma nota. Além dos habitantes de Jafafe, foram contactadas as entidades envolvidas, nomeadamente as autarquias locais, serviço de Protecção Civil, o ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e a Infra-estruturas de Portugal. A Quercus, professores da Universidade de Aveiro, advogados e amigos de vários locais, apoiaram a mobilização.

“A perplexidade sobre o que se pretendia provocava indignação imediata. Foram articuladas acções mediáticas com ampla divulgação nos canais de televisão nacionais e outros órgãos de comunicação social, para sensibilizar a administração da Infra-estruturas de Portugal sobre a necessidade de reavaliação do processo para minimizar o número de exemplares abatidos”, refere a mesma nota.

O assunto chegou à Assembleia da República, também com uma audição da Quercus em 16 de Maio de 2023, no sentido de apelar ao bom senso sobre a autorização de abate de 1.264 sobreiros que o ICNF emitiu à Infra-estruturas de Portugal sobre a linha do Vouga.

O abate dos sobreiros ainda começou a 21 de Março de 2023, paradoxalmente a data em que se celebra o Dia Mundial da Árvore. Foi suspenso temporariamente, e preservado um núcleo de 25 árvores em Jafafe.

Prémio Quercus 2023 individual: Marta Cortegano

Marta Cortegano é Licenciada em Engª Florestal (Pré-Bolonha), Mestre em Gestão e Conservação dos Recursos Naturais e pós graduada em Ciências da Sustentabilidade – Recursos, Alimentação e Sociedade.

É co-fundadora e directora da Terra Sintrópica, com sede em Mértola, tendo sido distinguida com o 3º prémio Terre de Femmes 2021, da Yves Rocher, pelo seu trabalho no processo Mértola Laboratório do Futuro para a transição agroecológica e adaptação climática, processo que envolve o co-design e teste de soluções de adaptação em territórios semiáridos, através da agricultura regenerativa, como a agricultura sintrópica e com a aposta em processos colaborativos e co-criativos, para proporcionar oportunidades de melhoria do ecossistema e das condições de vida e fixação das populações rurais.

Inclui-se no âmbito de trabalho da Terra Sintrópica o desenvolvimento de um Centro de Agroecologia e Regeneração no Semiárido, as Hortas Florestas nas Escolas, a Rede Alimentar Local de Mértola ou o PREC – Processo Regenerativo em Curso, entre outros.

De 2004 a 2013 foi coordenadora de departamento na ADPM — Associação de Defesa do Património de Mértola, onde implementou e coordenou diversos projectos nas áreas de Desenvolvimento Local, Valorização de Recursos Endógenos, Combate à Desertificação e às Alterações Climáticas, Restauro Ecológico e Educação Ambiental, tendo sido mentora e coordenadora da Estratégia de Eficiência Colectiva PROVERE “Valorização dos Recursos Silvestres do Mediterrâneo”, um processo que incluiu mais de 90 parceiros e 110 projectos, da produção, à investigação, passando pelo marketing e comercialização de produtos biológicos, baseados nos recursos silvestres.

De 2013 a 2015 foi directora técnica do Centro de Excelência para a Valorização dos Recursos Mediterrânicos. Entre 2015 e 2021 foi também Professora na Escola Profissional ALSUD, onde além de leccionar desenvolveu o projecto de Educação Ambiental, Geração Bio.

Desde 2017, é coordenadora dos seguintes projectos na ESDIME:

– Coopera RS e InovaFileiras, em torno da valorização e cooperação nos recursos silvestres e o ‘Empoderar para transformar’, com o objectivo de fomentar uma cultura territorial de confiança, cooperação, comunicação autêntica e um modelo de trabalho colaborativo e de compromisso partilhado no território de intervenção da ESDIME.

– Pastagens regenerativas, que propõe uma abordagem de aprendizagem colectiva na adaptação climática ao nível da agropecuária extensiva, através da agricultura regenerativa;

– TerrAlimenta, com o objectivo de fortalecer e impulsionar a acção colectiva regional para a implementação de Sistemas Alimentares Territorializados que promovam uma alimentação sustentável, saudável e tendencialmente de base local, a partir das cantinas de restauração colectiva.

É perita convidada em várias redes de conhecimento, a nível regional, nacional e internacional. Integra também a Rede para o Decrescimento, bem como o Conselho para a Reflexão e Acção sobre o Interior. Fundou a Cooperativa Ervas Lusas e a Associação de Empresários do Vale do Guadiana, que preside.

Alexandra Azevedo, presidente da Direcção Nacional da Quercus, considera que “os exemplos dos Prémios Quercus 2023 revelam a importância de uma sociedade civil atenta e dos processos colectivos para questionar a actuação das entidades públicas, contribuir para a mudança de consciência e para estimular a criatividade em novas soluções que respondam de forma estrutural à situação actual”.

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