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Os Verdes exigem que se trave a “ingerência do agronegócio na soberania e na segurança alimentar dos povos”

O Partido Ecologista Os Verdes (PEV) no Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, e a propósito do Dia Mundial da Alimentação, chama a atenção para “a ausência de segurança alimentar, uma crise global num contexto das diversas crises que o Mundo enfrenta, visível no recorde de pessoas em grave risco de fome em todo o Mundo”. E exige que se trave a “ingerência do agronegócio na soberania e na segurança alimentar dos povos”.

Em comunicado, Os Verdes explicam que “o número de pessoas em insegurança alimentar aumentou massivamente nos últimos três anos”,  o que “devia ser motivo mais do que suficiente para mobilizar responsáveis e decisores políticos, por um lado, a travar e inverter políticas de liberalização dos mercados que põem em risco a sobrevivência da humanidade perante a desigualdade na distribuição dos bens alimentares e, por outro lado, a assegurar a valorização dos salários, condição essencial para tirar da pobreza milhões de seres humanos”.

E recorda o Partido “como, a pretexto das crises, os sucessivos governos e as suas políticas desencadearam, e desencadeiam hoje, medidas que conduzem ao endividamento e à insolvência dos micro e pequenos produtores, da agricultura familiar e da pequena agricultura biológica, senão vejamos a opção de encerramento dos mercados locais durante a pandemia”.

Por outro lado, relembra “o sucessivo esmagamento dos preços pagos ao produtor, o acesso restrito à água em tempos de seca que afecta de forma desigual pequenos e grandes produtores, ou ainda planos para a recuperação e resiliência desenhados pela UE para servir as empresas com economias robustas, principais fornecedores das empresas da distribuição alimentar, as mesmas que a reboque da guerra, viram os seus lucros aumentar de forma imoral”.

Prioridade aos circuitos curtos de abastecimento

Para o Partido Ecologista Os Verdes, a solução passa pela “prioridade a dar aos circuitos curtos de abastecimento e distribuição alimentar – produzir e consumir localmente, medidas que defendemos na restauração colectiva e nas cantinas públicas, por quatro ordens de razão: saúde alimentar, combate ao desperdício, economia local e ambiente”.

E considera que “impõe-se por isso uma política nacional para alimentação, com foco na erradicação da pobreza e na soberania alimentar, centrada em direitos humanos e no ambiente, através de medidas multissectoriais, atendendo à insustentabilidade dos modelos actuais de consumo, sem esquecer os números que a pandemia veio revelar: subiram para 2,3 milhões os portugueses em risco de pobreza ou exclusão social, o equivalente a 22,4% da população, segundo dados do Eurostat”.

Os Verdes consideram que “se esta é uma realidade à escala global, também dentro de portas estamos distantes da garantia plena de um direito básico e fundamental como é o direito humano a uma alimentação adequada e que, tal como nos últimos anos se tornou claro, decorre de uma total e subversiva subordinação do(s) governo(s) às políticas europeias e globais, à dinâmica dos mercados e interesses das grandes empresas do agro-negócio/agro-indústria, colocando em xeque a soberania da produção alimentar e a saúde dos consumidores”.

Inflação

Para Os Verdes “os alarmes soam de novo. Paira hoje um novo princípio da incerteza, anunciado pela escalada dos bens essenciais e da inflação – à qual o Governo de maioria PS responde com empobrecimento garantido para os próximos anos – o que na opinião do Partido Ecologista Os Verdes coloca em perspectiva um novo ciclo de agravamento do custo de vida, a reboque do organizado aumento dos custos com habitação, energia, transportes”.

O PEV sublinha que “as graves agressões aos direitos humanos e à sustentabilidade ambiental impostas pelo modelo do agronegócio vigente e a incerteza no acesso aos bens essenciais, face a um novo cenário de recessão, devem impelir o Governo a adoptar os mecanismos que conduzem à especulação sobre os bens alimentares, apostando na alimentação base dos povos sustentada na produção e no consumo local de alimentos, dando primazia e fomentando a agricultura familiar e na consagração de políticas que garantam o justo e equitativo acesso aos alimentos, em particular pelas famílias com menos recursos económicos”.

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