A escassez de precipitação está a prolongar a suplementação extraordinária dos efectivos pecuários, refere o Instituto Nacional de Estatística (INE), no seu Boletim Mensal da Agricultura e Pescas – Março de 2022.
A continuação das condições climatéricas adversas, com ausência de precipitação significativa, conduziu a um desenvolvimento vegetativo residual ou nulo das pastagens e das culturas forrageiras anuais (semeadas e naturais).
As necessidades alimentares dos efectivos pecuários explorados em regime extensivo não estão a ser asseguradas pelo pastoreio, obrigando à utilização de alimentos conservados (palhas, fenos e silagens) em quantidades muito superiores a igual período do ano anterior e ao normal para a época do ano, com impactos negativos, imediatos ou diferidos, no sector agropecuário, dizem os técnicos do INE, realçando que, no último trimestre de 2021, o preço dos alimentos para animais aumentou 17%.
Fevereiro extremamente seco e muito quente
O mês de Fevereiro caracterizou-se, em termos meteorológicos, como extremamente seco e muito quente. O valor médio da quantidade de precipitação, 10,3mm, correspondeu apenas a 10% do valor normal (1971-2000), posicionando este Fevereiro como o terceiro mais seco dos últimos 90 anos.
De notar que em cerca de 1/3 do território continental os valores de precipitação total foram inferiores a 5mm, tendo-se registado precipitação significativa apenas nos dias 13 e 14. Nos primeiros cinco meses do ano hidrológico 2021/22 (Outubro a Fevereiro), a precipitação média em Portugal continental foi de 224,2mm, o valor mais baixo dos últimos 20 anos, aquém do registado na seca de 2005 (256,5mm).
No final de Fevereiro, e de acordo com o índice meteorológico de seca PDSI, observou-se um agravamento da situação de seca meteorológica. A superfície ocupada pelas classes mais graves (seca severa e seca extrema) aumentou consideravelmente, abrangendo 96% do território continental (45% no final de Janeiro e 91% em 15 de Fevereiro).
A seca extrema já ocupa 2/3 da superfície do continente, sendo que apenas os distritos do litoral Norte e Centro (Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro e Coimbra) não apresentam território com esta classe.
Também o teor de água no solo, medido em relação à capacidade de água utilizável pelas plantas, diminuiu nas regiões Norte e Centro e manteve-se muito baixo no Sul, face ao final do mês anterior. Desta forma, a maior parte dos solos dos distritos de Bragança, Guarda, Setúbal, Beja e Faro estavam, no final de Fevereiro, com valores inferiores a 20% da sua capacidade de campo4 , sendo que em muitos locais já se atingiu o ponto de emurchecimento permanente.
Agricultura e Mar