Artigo de opinião de Mafalda Reis Pereira, Eng.ª Agrónoma, promotora do site A Cientista Agrícola
Conceito de agricultura urbana: sabe o que é?
Em termos simples a definição de agricultura urbana consiste no crescimento, no processamento e distribuição de comida e outros produtos através de um intensivo cultivo de plantas e criação de animais nas cidades e à sua volta.
A United Nations Development Programme define este tipo de agricultura tendo em conta o uso de recursos, sendo que a classifica como “uma indústria que produz, processa e comercializa comida e combustíveis, largamente em resposta à necessidade diária dos consumidores quer numa cidade ou metrópole, na terra e água dispersa na área urbana e peri-urbana, aplicando métodos de produção intensiva, usando e reutilizando os recursos naturais e resíduos urbanos, para o rendimento da diversidade de culturas e gado”.
Sistema complexo
Outra definição é dada tendo em conta todos os aspectos da agricultura, associando-a também ao negócio, recursos naturais e as suas influências em humanos, “Agricultura urbana é um sistema complexo abrangendo um espectro de interesses, de um núcleo tradicional de actividades associado à produção, processamento, marketing, distribuição, e consumo, a uma multiplicidade de outros benefícios e serviços que são largamente reconhecidos e documentados.
Isto inclui recreio e lazer; vitalidade económica e empreendorismo nos negócios, saúde individual e bem-estar; melhoramento da paisagem; e restauração e remediação do ambiente” (Butler and Moronek, 2002).
As definições para este tipo de agricultura são várias, alguns autores referem ainda que “A agricultura urbana refere-se não somente à produção vegetal, mas também à criação de animais.
Também um negócio
Outra definição é dada tendo em conta todos os aspectos da agricultura, associando-a também ao negócio, recursos naturais e as suas influências em humanos, “Agricultura urbana é um sistema complexo abrangendo um espectro de interesses, de um núcleo tradicional de actividades associado à produção, processamento, marketing, distribuição, e consumo, a uma multiplicidade de outros benefícios e serviços que são largamente reconhecidos e documentados.
Isto inclui recreio e lazer; vitalidade económica e empreendorismo nos negócios, saúde individual e bem-estar; melhoramento da paisagem; e restauração e remediação do ambiente” (Butler and Moronek, 2002).
As definições para este tipo de agricultura são várias, alguns autores referem ainda que “A agricultura urbana refere-se não somente à produção vegetal, mas também à criação de animais.
Desde a horticultura e o cultivo de cereais como milho e feijão
O sistema agrícola urbano pode ser uma combinação de muitas actividades diferentes, incluindo desde a horticultura e o cultivo de cereais como milho e feijão à integração com a produção de animais, aproveitando-se restos vegetais na alimentação destes através de compostagem, isoladamente ou em conjunto com esterco oriundo das criações.” (Aquino e Assis, 2007) e que “agricultura urbana como sendo a produção de alimentos dentro de perímetro urbano e periurbano, aplicando métodos intensivos, tendo em conta a inter-relação homem-cultivo-animal-meio ambiente e as facilidades da infraestrutura urbanística que propiciam a estabilidade da força de trabalho e a produção diversificada de cultivos e animais durante todo o ano, baseadas em práticas sustentáveis que permitem a reciclagem de resíduos” (Gnau, 2002).
Principais elementos da agricultura urbana
De facto, os principais elementos de definição da agricultura urbana são: os tipos de actividades económicos desenvolvidas, as categorias e subcategorias de produtos (alimentares e não alimentares), característica locacional (intraurbano ou periurbano), tipos de áreas onde é praticada, tipos de sistemas de produção e destino dos produtos e escala de produção (Mougeot, 2000).
Salienta-se ainda que devido ao facto de mais de metade da população do mundo viver em áreas urbanas (UNFPA, 2007), com tendência para aumentar, tem vindo a levar a um maior distanciamento ao meio rural e com o meio natural, o que culmina num afectar da saúde psicológica e do bem-estar e numa redução da possibilidade de recuperação do stress mental e físico (Lewis, 1995; Maller et al., 2005).
A possibilidade de se desenvolver este conceito de agricultura urbana pode contribuir para a aproximação da população urbana à natureza e à agricultura/horticultura.
Benefícios da agricultura urbana
A agricultura em meio urbano tem alguns benefícios para os seus praticantes nomeadamente:
- assegura parte da alimentação do seu agregado familiar estando a contribuir para a soberanía alimentar do seu país;
- permite conhecer melhor o processo de desenvolvimento que possuem os alimentos e a verdadeira qualidade dos produtos;
- evita o uso em grande escala de agroquímicos tóxicos e potencialmente nocivos(especialmente se o praticante optar por implementar o modo de produção biológica ou um modo de produção mais natural, em que não recorre a químicos de síntese);
- contribui para a economia local e familiar ao deixar de comprar produtos nas cadeias de supermercados;
- permite o aproveitamento da água da chuva e da luz solar;
- possibilita a redução do nível de ruído através da utilização de certas plantas;
- ajuda a combater a poluição atmosférica;
- permite criar um espaço recreativo e de trabalho onde o ser humano se reconecta com a terra e com a natureza;
- Permite ainda aumentar o potencial da eficiência do uso do solo urbano;
- Diminueo risco de redução ou mesmo interrupção no fornecimentos de alimentos às pessoas, pela dificuldade de aquisição dos mesmos em decorrência das flutuações salariais e limitações económica;
Benefícios sociais
Dentro dos benefícios sociais alcançados com a sua prática, destaca-se a possibilidade de melhoria na qualidade dos alimentos ingeridos pelas pessoas mais pobres e a criação de alternativa de renda e emprego para habitantes.
Esta prática acarreta ainda vantagens ambientais como a conservação de recursos naturais de vida à menor procura por combustíveis fósseis (baseia-se mais em trabalho dependente de humanos e menos operações mecanizadas, tanto na produção como na comercialização) e pela conservação de espaços verdes. Acrescenta-se a isto, a reciclagem de resíduos (reduzindo-se os custos e problemas de maneio associados a estes resíduos).
Principais limitações da agricultura urbana
- Ocupação de zonas física e biologicamente instáveis (como, por exemplo, florestas, encostas, etc…).
- O cultivo e o pastoreio excessivos em áreas urbanas pode acelerar processos erosivos em certas áreas (como as encostas).
- Existe a possibilidade de uma má utilização da água distribuída publicamente, incluindo o seu desvio, desperdício e contaminação.
- Zonas localizadas junto a faixas rodoviárias e a zonas industriais podem ainda correr o risco de ter os seus solos e, consequentemente, os produtos que neles se encontram contaminados por organismos patogénicos e metais pesados.
- Caso haja a aplicação de produtos químicos, existe ainda o risco de ocorrer a volatilização de certos compostos para a atmosfera (por exemplo, certos pesticidas) e a contaminação de alimentos, plantas ornamentais, solos, águas (superficiais e lençóis freáticos) devido à excessiva aplicação de insecticidas, herbicidas e fertilizantes.
- No que se refere à criação de animais, a lixiviação de resíduos sólidos e líquidos pode promover a contaminação das águas sub superfíciais e os animais podem ser vectores de doenças (transmitidas pela carne e pelo leite por exemplo).
- Em zonas densamente povoadas podem ainda surgir problemas devido à ocorrência de maus odores, ruídos e riscos de engarrafamento no tráfego.
- A utilização de resíduos sólidos não compostados ou de águas residuais não tratadas para fins de irrigação ou alimentação animal constitui também um factor de risco.
- O lixo reciclado e os resíduos industriais podem conter ainda elementos químicos tóxicos.
Artigos consultados:
- Aquino, A. e Assis, R. (2007), “Agricultura orgânica em áreas urbanas e periurbanas com base na agroecologia”, Ambiente e sociedade, vol.10, Nº1, pp. 137-150.
- Butler, L. e D. M. Moronek (eds.) (2002). Urban and Agriculture Communities: Opportunities for Common Ground, Ames, Iowa: Council for Agricultural Science and Technology (CAST).
- GNAU- Grupo Nacional de Agricultura Urbana. Lineamentos para los subprogramas de Agricultura Urbana para el año 2002 y sistema evaluativo. Cuba : Ministério de Agricultura, 2002. 84 pp.
- UNFPA (2007). State of world population 2007, Unleashing the Potencial of Urban Growth. United Nations Population Fund.
- Lewis, C.A. (1995). Human Health and Well-Being: the Psychological, Pshysiological, and Sociological Effects of Plants on People. Acta Horticulturæ. 391: 31-39.
- Maller, C.; Townsend, M.; Pryor, A.; Brown, P.; St Leger, L. (2005). Healthy Nature Healthy People: ‘Contact With Nature’ as an Upstream Health Promotion Intervention for Populations. Health Promotion International. 21, 45-54.
- Mougeot, L. J., 2000. Urban Agriculture: Definition, Presence, Potentials and Risks. Thematic Paper 1, RUAF.