Os criadores de coelhos estão a passar por uma crise. Há falta de consumo e os produtores estão a sofrer consequências financeiras. A cunicultura está em risco de desaparecer na Europa. A UE reconheceu esse risco e vai financiar, durante 3 anos, uma campanha de sensibilização de consumo de carne de coelho na Península Ibérica.
“Ciente do risco de extinção desta actividade e das nefastas consequências económicas e sociais que daí advêm, a União Europeia foi sensível aos pedidos de apoio” da ASPOC – Associação Portuguesa de Cunicultura e da Intercun – Organizacion Interprofisional Cunicola e aceitou financiar uma campanha de sensibilização para o consumo da carne de coelho na Península Ibérica nos próximos 3 anos, refere um comunicado da ASPOC.
“Crise sem precedentes em toda a Europa”
O mesmo comunicado frisa que o sector da cunicultura está a viver uma “crise sem precedentes em toda a Europa”, prevendo-se que “possa desaparecer em poucos anos se não houver uma política comunitária de sensibilização” para o consumo da carne de coelho.
Só na Península Ibérica, a produção deste alimento caiu 16% em pouco mais de 10 anos, tendo passado de 78.100 toneladas/ano para 65.600 toneladas/ano. Este declínio resulta exclusivamente de uma quebra constante do consumo da carne de coelho que o sector não tem conseguido contrariar.
Portugal: campanha arranca a 28 de Junho
Em Portugal, onde a carne de coelho ocupava tradicionalmente um lugar de destaque na dieta alimentar, a campanha arranca na próxima quinta-feira, dia 28 de Junho, decorrendo o lançamento oficial na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa.
Presentes no evento de lançamento desta campanha estarão o secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira, da secretária-geral da Associação Portuguesa de Nutrição, Helena Real, e dos membros da direcção da ASPOC, entre outros convidados.
O Chef Hélio Loureiro e a filha, Bárbara Loureiro, orientarão o showcooking de lançamento desta iniciativa, num “claro apelo à necessidade de passagem de testemunho geracional desta tradição da dieta mediterrânica”, acrescenta a ASPOC.
Benefícios da carne de coelho
Classificada como carne branca, é apreciada pelos consumidores pelo seu sabor, por ser tenra, suculenta, saborosa e de fácil confecção.
“No entanto, a carne de coelho alia prazer e saúde, pois para além de um baixo valor calórico, possui uma excelente composição nutricional, devendo fazer parte de uma alimentação variada, completa e equilibrada, sendo aconselhada para os consumidores de todas as idades pelos mais variados motivos”, refere a ASPOC no site da sua responsabilidade www.comercoelho.pt.
E adianta que, no que respeita aos macronutrimentos, a carne de coelho destaca-se pelo seu elevado teor em proteínas, nutriente responsável pelo crescimento, conservação e reparação dos nossos órgãos, tecidos e células, sendo indicada uma ingestão em maiores quantidades nas crianças e adolescentes em fase de crescimento e nos desportistas, sendo que uma alimentação desequilibrada e deficiente num desportista pode vir a produzir alterações metabólicas, bioquímicas e fisiológicas, senso essencial a ingestão adequada de proteínas para a manutenção e desenvolvimento da massa muscular.
Proteínas de alto valor biológico
Para além disto, a carne de coelho fornece proteínas de alto valor biológico, ou seja, possui aminoácidos nas quantidades e proporções adequadas às necessidades do organismo, sem as desvantagens normalmente associadas ao consumo de carnes vermelhas, tais como, maior ingestão de colesterol e gorduras saturadas.
“Recomenda-se, por isso, que se escolham carnes brancas, sendo a carne de coelho uma carne de eleição nesse sentido, devido ao seu baixo teor em gorduras saturadas e colesterol, sendo aconselhável para prevenir ou não agravar determinadas patologias como as doenças cardiovasculares”, pode ler-se no site.
Por outro lado, uma vez que apresenta um conteúdo de ácido úrico mais baixo que as carnes vermelhas, a carne de coelho é indicada para pessoas com gota e níveis elevados de ácido úrico no sangue.
A carne de coelho é de fácil digestão, sendo indicada para fazer parte das refeições de crianças, idosos e quem possuir problemas de estômago.
Agricultura e Mar Actual