A Fenareg – Federação Nacional de Regantes de Portugal participou no Seminário Ibero-Brasileiro de Agricultura Irrigada, realizado a 11 e 12 de Maio, onde deu a conhecer a “evolução muito positiva” da eficiência do uso da água na agricultura portuguesa e apresentou a sua proposta de Estratégia Nacional para o Regadio, focada na competitividade, coesão social e territorial e gestão sustentável dos recursos hídricos.
José Núncio, presidente da Fenareg (na foto), começou por explicar aos participantes deste seminário técnico-científico que Portugal está “na linha da frente dos países mais susceptíveis aos efeitos das alterações climáticas, razão pela qual o regadio é essencial ao futuro da agricultura nacional”.
A agricultura de regadio tem estado na base do crescimento das exportações agroalimentares nas últimas duas décadas, cujo valor triplicou de 1,9 para 6,7 mil milhões de euros (entre 2000 e 2019), e dá provas de um “uso da água cada vez mais sustentável”, considerada a evolução da eficiência dos sistemas de rega, que atingiu 83%, em 2019, vs. 66%, em 1999.
Investimento em regadio
O presidente da Fenareg defendeu que o investimento em regadio deve dar prioridade à modernização das infra-estruturas, às energias renováveis, à capacitação técnica e à certificação de desempenho dos regantes, medidas que integram a proposta de Estratégia Nacional para o Regadio que a Federação apresentou ao Governo e à Assembleia da República.
Aquele documento orientador das políticas públicas de regadio prevê um investimento de 1.700 milhões de euros até 2027, com recurso a fundos públicos oriundos do Plano Estratégico da PAC, do Plano Nacional de Investimentos e do Plano de Recuperação e Resiliência.
Regadio no Brasil
O investimento em regadio também é um tema actual no Brasil, que prepara o seu Plano Nacional de Recursos Hídricos 2022-2040, documento orientador das prioridades do uso da água para as próximas décadas. O Brasil tem actualmente 8,2 milhões de hectares equipados para regadio e um potencial de expansão de 76% da área irrigável até 2040, segundo estimativas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico. Em Portugal, a área equipada para regadio é de 626.820 hectares (16% da superfície agrícola útil).
O modelo português de gestão pública da água na agricultura, que representa 40% da área regada, foi considerado um exemplo a seguir no Brasil. “Temos muito a aprender com o nível de associativismo dos regantes portugueses”, admitiu o moderador do Seminário Ibero-Brasileiro de Agricultura Irrigada, onde participaram vários investigadores portugueses.
Agricultura e Mar Actual