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Querida Inês, alimentar o gado é alimentar o Povo

Editorial

Vivemos num Mundo onde as crianças já não acreditam no Pai Natal, mas crêem piamente que os bifes de vaca, são “feitos” nos supermercados. Eles só não sabem é como os bifes são “alimentados”.

“Estima-se que pelo menos 71% da superfície agrícola da União Europeia é destinada à produção de alimentos para animais, sendo que 88% da soja e 53% das leguminosas tiveram também como destino a alimentação animal”. “No contexto actual de crise climática, esta situação deve ser invertida, reconvertendo a produção de leguminosas para a alimentação humana em detrimento da sua produção para alimentar a indústria pecuária”.

Querida Inês a produção de leguminosas “para alimentar a indústria pecuária” é apenas “produção de leguminosas para a alimentação humana”

A frase é da deputada única do PAN – Pessoas-Animais-Natureza, Inês de Sousa Real, que propõe, em Projecto de Lei, a criação de uma linha apoio financeiro anual, no valor de 1,2 milhões de euros, para a implementação de um Programa Nacional de Apoio e Incentivo à Produção de Culturas de Leguminosas.

Um apoio, pago pelo IFAP — Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, cuja dotação anual deverá ser “assegurada exclusivamente por via do Orçamento do Estado”.

Na verdade, o que Inês de Sousa Real pede é que os produtores pecuários importem — comprem no estrangeiro — a alimentação do seu gado. Ou que diminuam o seu efectivo pecuário; levando, mais uma vez a importações, neste caso de carne, por exemplo, de Espanha.

Inês de Sousa Real não mostra — nem neste Projecto de Lei, nem em muitos outros que já entregou na Assembleia da República — qualquer reconhecimento pelos muitos produtores pecuários que nos dão, no dia-a-dia, o leite, o queijo, a carne. O objectivo de Inês é uma alimentação vegan. E o veganismo não pode ser “obrigado”, ou incentivado, por lei. Pelo menos no democrático Portugal.

Querida Inês a produção de leguminosas “para alimentar a indústria pecuária” é apenas “produção de leguminosas para a alimentação humana”. Tal como em economia “não há almoços grátis”, em soberania alimentar não há “bifes de soja”.

Carlos Caldeira

 
       
   
 

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