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Presidente da FIPA: “segundo ciclo de Alqueva passa por exportar com valor acrescentado e não a granel”

Há produção em Alqueva, falta agora a transformação desses produtos alimentares, uma oportunidade de negócio para a agroindústria. “Neste segundo ciclo de Alqueva há que valorizar os produtos agrícolas que estão já em larga produção, de maneira a que sejam exportados com marcas e não a granel, para acrescentar valor ao produto”, defende o presidente da FIPA — Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares, Jorge Henriques.

Aquele responsável, que falava na mesa-redonda, sob o mote “Oportunidades para a Agroindústria na região de Alqueva”, no dia 8 de Junho, no stand de Alqueva na Feira Nacional de Agricultura, em Santarém, realçou no entanto as dificuldades do licenciamento industrial, que pode ser um entrave à captação de investimento estrangeiro.

A mesa-redonda, sob o mote “Oportunidades para a Agroindústria na região de Alqueva”, uma iniciativa da EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva e o Núcleo Empresarial da Região de Beja/Associação Empresarial do Baixo Alentejo e Litoral, NERBE/AEBAL, deixou claro que o Alentejo é hoje responsável por 3/4 de todo o azeite produzido em Portugal. 80% desse azeite é fruto de Alqueva mas a maior parte exportado a granel.

Para Jorge Henriques, “há um primeiro ciclo de oportunidades que está a ser constituído que é a produção de matérias-primas agrícolas de grande qualidade, que eram necessárias ao desenvolvimento da industria agroalimentar em Portugal. E esse primeiro ciclo está a ser de alguma forma continuado, completado nalguns sectores, como é o caso da produção de azeite. Mas agora estão-se a abrir uma série de outras oportunidades, com outras culturas que têm vindo a ser feitas ao longo dos anos na região de Alqueva”.

E dá exemplos: “desde logo toda a produção frutícola, vinícola, e um conjunto de outras espécies que têm vindo a ser potenciadas e que podem ser uma atracação para a instalação de complexos agro-industriais próximos destas culturas”, realçando os complexos industriais que são os lagares que potenciam a cultura do olival.

O presidente da FIPA frisou ainda que, “neste segundo ciclo de Alqueva abre-se a oportunidade da valorização destes produtos agrícolas, que estão já em larga produção, de maneira a que sejam exportados com marcas e não a granel. Para acrescentar valor ao produto”.

Mas realça aquele responsável que “falamos sempre de micro, pequenas e médias empresas, mas com a dimensão deste complexo agrícola, temos de procurar empresas âncora, desenvolve-las, porque depois ao lado delas desenvolve-se um conjunto de outras industrias”. “Não nos podemos esquecer que a industria agroalimentar no Alentejo é já hoje responsável, juntamente com a pecuária, por mais de 20% da criação de emprego”.

A burocracia dos licenciamentos

O presidente da Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares garante que “há aqui um enorme potencial”, mas realça a “questão do licenciamento industrial”. “Não podemos continuar a falar em 2022 de uma coisa que é apenas uma questão de burocracia. É algo que tem de ser definitivamente ultrapassado”.

“Não podemos continuar presos por questões que são meramente burocracia, que não tem nada a ver nem com qualidade nem com dificuldades de implementação do tecido industrial”, frisa Jorge Henriques.

“Ora, se estas questões do licenciamento não forem ultrapassadas, vamos ter dificuldade em atrair investidores estrangeiros, que não compreendem, não entendem, principalmente no espaço europeu, como é que ao longo de tantas décadas, com tantos fundos que têm vindo para Portugal, não termos trabalhado um verdadeiro Simplex na questão do licenciamento”, acrescentou o presidente da FIPA.

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