O cacau atingiu um valor de 5.500 dólares por tonelada, o dobro em relação aos níveis registados por esta altura no ano passado. E desde o início de 2024, o preço do cacau já aumentou 35%. “Assumindo que os preços dos restantes ingredientes do chocolate não sofrem alterações, apenas a valorização do cacau deverá provocar um aumento de 12% nos preços dos chocolates ao longo do ano”, dizem os analistas da XTB Portugal.
E adiantam que na base deste aumento estão as alterações climáticas que estão a afectar os países da África Ocidental, nomeadamente a Costa do Marfim e a Nigéria, de onde provém a maior parte da produção de cacau a nível mundial. “As secas extremas que se fazem sentir durante a maturação das sementes do cacau e as cheias intensas durante as colheitas têm provocado uma redução das perspectivas de produção e o aumento do aparecimento de doenças nos cacaueiros. Estes fenómenos causam não só a destruição das culturas, mas também a redução de rendimentos futuros dos terrenos utilizados”.
Embora não actue de forma directa, a guerra na Ucrânia também está a ter influência no aumento dos preços do cacau, uma vez que o conflito está a causar um “aumento extremamente elevado nos preços dos fertilizantes, uma vez que a Rússia é um dos principais produtores deste produto”. “A falta de utilização de fertilizantes tem contribuído para uma maior susceptibilidade das culturas a doenças e à redução dos rendimentos dos terrenos agrícolas”, realçam os analistas da XTB Portugal.
Por outro lado, a procura a longo prazo está a aumentar moderadamente, com uma média anual de cerca de 2-4%. Os maiores consumidores são, naturalmente, os países europeus e os países da América do Norte, enquanto os consumidores que registam o crescimento mais rápido são a China e a Índia. “Neste momento, este factor não constitui um problema. No entanto, se a oferta não se ajustar à procura, o preço do cacau pode quase duplicar em 2030 e atingir os 10 mil dólares por tonelada”.
Somando todos estes factores ao facto de esta ser a terceira época consecutiva em que se regista um défice significativo no mercado, vários investidores prevêem que a situação não melhore nos próximos anos, adiantam aqueles analistas.
Mas acrescentam que “os preços do cacau não serão os únicos factores a influenciar o preço do chocolate. O açúcar e as embalagens têm registado diminuições no preço e as produtoras poderão também optar por utilizar leite em pó, que é mais barato. Por outro lado, as empresas estão a identificar um aumento dos preços da mão-de-obra e do transporte”.
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