A possibilidade da deslocação do Campo de Tiro de Alcochete para o concelho de Mértola é rejeitada pelo executivo municipal, porque “implicaria impactos directos e indirectos irreversíveis no desenvolvimento ambiental, ecológico, cultural e social da região”.
“Importa deixar clara a posição deste município, consertada com a Câmara Municipal de Serpa e com a Associação de Defesa do Património de Mértola. Caso esta infra-estrutura mantenha o uso que actualmente tem em Alcochete, somos frontalmente contra essa possibilidade. O território em causa é de elevado valor ambiental e patrimonial, e qualquer decisão que impacte a qualidade de vida da população e os seus valores culturais e naturais, deve ser amplamente debatida com as entidades locais e com os cidadãos”, refere um comunicado de imprensa da autarquia de Mértola.
“Acredita-se no alto impacto negativo de tal projecto para diferentes sectores da economia local como a agricultura, a cinegética, o turismo, a agropecuária e para toda a marca de sustentabilidade que tem vindo a ser trabalhada como factor diferenciador”, realça o mesmo comunicado da autarquia presidida pelo socialista Mário Tomé.
No mesmo comunicado, os responsáveis pela autarquia garantem que “após várias diligências junto do Governo”, receberam “finalmente uma comunicação oficial do Gabinete do Ministro da Defesa. Neste esclarecimento, datado de 18 de Fevereiro, é indicado que não existe, até ao momento, qualquer decisão tomada relativamente à localização de um futuro Campo de Tiro e que, na fase de consolidação dessa decisão, as autarquias abrangidas serão contactadas”. Apesar de tudo, têm sido vários os órgãos de comunicação social a dar esta deslocação como certa.
Alerta ainda o município que “um projecto militar experimental desta magnitude, cuja informação pública é ambígua e resulta num desconhecimento sobre os seus reais impactos, deverá causar efeitos profundos em estruturas ambientais de elevado valor e classificação no âmbito da Rede Natura 2000: sítio Guadiana ZPE Vale do Guadiana, ZPE Castro Verde, Parque Natural do Vale do Guadiana e ainda, área da Reserva da Biosfera de Castro Verde”.
“Neste território estamos num dos principais ecossistemas de biodiversidade do País e da Península Ibérica, reconhecido pela sua grande riqueza ecológica e forte papel na preservação de espécies ameaçadas, como o lince-ibérico e espécies de avifauna como o abutre-preto, a cegonha-preta, abetarda, Peneireiro-das-torres, águia imperial ibérica, entre outras”, acrescenta.
Por outro lado, “o ruído proveniente das operações militares poderia interferir nas rotinas de nidificação, alimentação e migração de aves e outras espécies, causando stress e deslocamento das populações para áreas menos adequadas à sua sobrevivência, assim como causaria distúrbios à produção pecuária com prejuízos previsíveis na sua produtividade”.
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