Artigo de opinião de Rosa Moreira, Eng.ª Agrónoma, promotora do site A Cientista Agrícola
Hoje venho falar-vos sobre uma técnica de multiplicação vegetativa: a enxertia. Através desta técnica, são unidas duas partes distintivas de plantas. Certamente já ouviu falar sobre este método, mas caso ainda seja novato(a) nesta temática, neste artigo vou partilhar consigo como fazer enxertia de forma fácil e melhor que isso, da forma correcta. Continue a ler este artigo se quer saber mais sobre este tema. A enxertia é uma técnica de multiplicação vegetativa que consiste em unir partes de plantas distintas.
Como fazer enxertia: um resumo
Se tem dúvidas sobre a técnica da enxertia, vou começar por lhe dizer que esta técnica pode ser usada em plantas ornamentais e árvores de fruto, com o principal objectivo de “unir” as melhores características de ambas as plantas, desde que haja compatibilidade entre ambas.
Os viveiristas e jardineiros por exemplo, usam muito esta técnica por diversos motivos e devido a várias razões. A mais importante é que, a partir da enxertia é possível unir as melhores características de ambas as plantas que pretender enxertar. A enxertia é também uma técnica de multiplicação muito utilizada quando se pretender recuperar e salvar uma árvore enfraquecida.
Se pretende saber como fazer enxertia, saiba que pode fazê-lo através da união de plantas da mesma espécie ou família de forma a que formem um só. A raiz e a parte aérea das duas plantas são juntas, e o sucesso desta operação é tanto maior quanto mais próximas forem em termos botânicos.
Nada de tentar fazer enxertia de uma macieira num limoeiro, ok? De facto, a enxertia é uma técnica muito utilizada em árvores de fruto, mais concretamente a enxertia por garfo.
Como é óbvio, a enxertia precisa de ser realizada várias vezes em diversos exemplares para que possa ter êxito nesta tarefa. A prática é amiga da perfeição
A enxertia apresenta várias vantagens, uma das maiores é que permite adaptar plantas a diferentes condições edafo-climáticas, através da utilização de porta- enxertos com características específicas. Dessa forma, estas plantas adquirem mais resistência a fenómenos adversos tais como seca, excesso de água, solos demasiado ácidos ou alcalinos, geadas, etc.
Do ponto de vista da jardinagem e do pomar caseiros, permite ter uma planta enxertada com várias variedades.
Conceitos que deve dominar se quer saber fazer enxertia
Ora bem… Já ouviu falar do termo porta-enxerto, cavalo, bravo, garfo, manso, etc..?
O termo porta-enxerto é utilizado para denominar a planta que já está enraizada, podendo também ser designado por “cavalo”, “bravo” ou até “sementão”. Por outras palavras o porta-enxerto é é a planta cuja raiz e a base do caule são aproveitadas no processo da enxertia.
O enxerto é a parte de cima do caule e resulta da união dos tecidos de duas plantas que passam a formar uma única planta com duas partes distintas: o enxerto e o porta-enxerto. A reprodução neste método de propagação dá-se de forma assexuada.
Quando posso fazer a enxertia?
Antes de efectuar a enxertia deve garantir dois aspectos: (1) os ramos a enxertar que devem “ter nascido” no ano anterior e devem ter sido colhidos por volta do mês de Fevereiro e (2) que estes sejam guardados no frigorifico ou em lugar fresco de forma a serem conservados por mais tempo para que a enxertia se possa realizar na estação da Primavera. Dessa forma, a enxertia coincidirá com o início da floração por isso garantirá que seja realizada quando a circulação de seiva de forma plena.
Alguns tipos de enxertia
Enxertia de encosto
Nesta técnica aproximam-se duas plantas que se pretende enxertar, mantendo-as nos vasos. Faz-se a ligação de dois ramos com o desenvolvimento semelhante. Este tipo de enxertia é pouco usado dado que para ser realizada necessita que ambas as duas plantas se encontrem bastante próximas. Na maior parte dos casos deste tipo de enxertia, recorta-se uma casca de ambas as plantas, encostando-as e por fim atando-as.
Enxertia de casca
Neste tipo de enxertia, faz-se um corte vertical no porta-enxerto e afasta-se a casca. Deve-se preparar o garfo, fazendo um corte maior de um lado e outro corte mais reduzido do outro lado. Por fim, insere-se o garfo sob a casca.
Enxertia de borbulha
Esta técnica caracteriza-se por se destacar um fragmento de casca possuindo um gomo, o chamado garfo ou enxerto da planta que pretendemos que constitua a parte aérea. O ideal é que o garfo possua alguns gomos vegetativos em estado de dormência, a partir dos quais “nascerão” novos rebentos. O garfo deve ser afiado na parte basal apresentando uma forma de cunha, sendo depois introduzido na fenda.
Depois de inserimos esse enxerto no caule de outra planta, a que chamamos o cavalo ou porta-enxerto, devemos apertar com ráfia e depois cobrir com um unguento( mistura sintética para isolar o enxerto) este conjunto de forma a promover a união dos tecidos bem como uma boa cicatrização. O cavalo possuí o sistema radicular e por essa razão fornecerá os nutrientes e água necessária ao seu desenvolvimento.
Tenha também em atenção que o diâmetro das duas partes que pretende unir deve ser idêntico, apesar de na prática ser algo difícil de concretizar. O que deve fazer nestes casos para contornar este problema é que, caso o garfo seja de diâmetro inferior ao do porta-enxerto, deve coloca-lo na lateral, de preferência alinhado com a parte exterior do porta-enxerto. Dessa forma, garantirá uma boa união de ambos os tecidos e será mais fácil o processo de cicatrização e transporte dos nutrientes ao longo de toda a planta.
Dentro da técnica da enxertia em borbulha podemos distinguir ainda a enxertia de borbulha em T e a de borbulha propriamente dita, também designada por Chip-budding.
Enxertia de fenda
Neste tipo de enxertia podemos destacar a enxertia em fenda lateral, fenda lateral com lingueta, fenda simples e fenda inglesa.
Em linhas gerais, após “criar” o cavalo e alisar o corte, faz-se uma fenda perpendicular com um canivete apropriado, com uma profundidade de aproximadamente 2/3 cm. A fenda pode ser “cheia” ou “vazia”. É muito importante que o garfo possua o mesmo diâmetro do cavalo e ser “elaborado” em forma de cunha.
Saber mais sobre estas técnicas de enxertia aqui.
Conheça os cuidados que deve ter depois da enxertia
Depois de realizar a enxertia nas suas plantas favoritas deve garantir que, nos meses que se seguem, todos os rebentos que surgirem decorrentes deste processo, especialmente abaixo da zona do enxerto, devem ser eliminados. Dessa forma, garante não só que a toda a seiva da planta enxertada seja conduzida para o enxerto como também, garanta que a operação que realizou tenha sucesso, “pegue bem” e que a nova parte aérea da planta se desenvolva correctamente.
Agricultura e Mar Actual
Boa tarde. Agradeço muito a informação que me possa fornecer sobre como enxertar damasqueiro com alperceiro, tipo de enxerto que devo aplicar e época do ano em que é aconselhável fazer. Obrigado e cumprimentos. António Borrego