O presidente da Confagri – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas, Idalino Leão, mostra-se preocupado com a “questão geracional na agricultura” que “está a chegar a níveis dramáticos”. “Actualmente, somos menos de 4% de agricultores com menos de 40 anos, portanto, a pergunta que faço é, daqui a 10 anos quantos seremos?”. Por isso, avança com algumas medidas necessárias para a passagem das explorações de pais para filhos.
“Quantos é que estaremos cá a produzir alimentos daqui por 10 anos? Porque, o que nós fazemos é produzir alimentos seguros e saudáveis para todos. Acho que esta devia ser uma questão fulcral que merece a criação de medidas disruptivas”, diz Idalino Leão em entrevista à Revista Agricultura e Mar, realçando que este é um problema que preocupa todos os Estados-membros da União Europeia.
Assim, o presidente da Confagri considera ser “importante que fosse criada uma medida que, pelo menos, comtemplasse a passagem das explorações de pais para filhos, uma medida que fomentasse a reforma antecipada dos pais, sem cortes nem prejuízos na sua justa reforma, para a qual contribuíram ao longo da sua carreira profissional”.
“Esta passagem para os filhos devia ser acompanhada de duas medidas: uma linha de crédito a longo prazo com custos fixos para o filho e uma espécie de tutoria, um acompanhamento para os jovens não ficarem sozinhos, ou seja, um acompanhamento de gestão e técnico, durante o os primeiros cinco anos desta passagem. E aqui, o papel das das organizações, de todas cooperativas ou associações, poderia e deveria ser fundamental neste acompanhamento”, frisa Idalino Leão.
E realça que “neste momento há uma percentagem muito elevada de agricultores que se encontra na casa dos 50 aos 65 anos e não sabem muito bem o que vão fazer às suas explorações. Uma medida destas poderia fomentar a passagem da exploração para a geração seguinte e com isso garantirmos que continuávamos a ter agricultura em Portugal. Garantíamos uma mudança geracional, Mas, isto tem que ser acompanhado por uma linha de crédito a longo prazo e com juros fixos e bonificados”.
Para o presidente da Confagri, “a banca nacional tem de perceber que a actividade agrícola é um investimento de médio a longo prazo. Não pode olhar para a actividade agrícola como um outro ramo da economia nacional e dar empréstimos a 10 ou 12 anos no máximo. Os agricultores precisam de outro tipo de capacidade para os seus investimentos”.
Agricultura e Mar