A equipa Spirulife, constituída por estudantes de Biotecnologia Alimentar da Universidade de Aveiro, saiu como grande vencedora da 7ª edição do prémio Ecotrophelia Portugal, com os seus gressinos verdes, com formato espiral, que utilizam brócolos, spirulina (microalga rica em proteínas, vitaminas e antioxidantes) e flor de sal de Aveiro, incorporando igualmente sementes de chia.
Os Spirulos, 100% veganos, saudáveis e preparados no forno, aproveitam o brócolo na totalidade, evitando o desperdício alimentar, e o seu processo industrial tem preocupações de sustentabilidade, utilizando menos água na confecção — factores que pesaram na escolha do júri —, refere a organização do Prémio Ecotrophelia Portugal, a cargo da PortugalFoods, entidade gestora do cluster do sector agroalimentar português.
A equipa da Universidade de Aveiro, que considera as propriedades do produto e a apetência do mercado por snacks saudáveis salgados, como as grandes mais-valias do Spirulo, conquistou assim o Prémio Ecotrophelia Ouro (no valor de 2.000 euros) e o direito a representar Portugal na competição europeia.
Esta iniciativa, cuja edição portuguesa é organizada pela PortugalFoods, destina-se a equipas de estudantes, com a mentoria de docentes e investigadores do Sistema Científico e Tecnológico nacional, com espírito empreendedor e vontade de arregaçar as mangas para desenvolver produtos alimentares inovadores e sustentáveis em toda a sua cadeia de valor — desde o conceito, formulação, produção e packaging até aos planos de marketing, negócio e vendas, sem descurar as vertentes nutricional e sensorial. A competição decorreu esta terça-feira no Centro de Congressos da Alfândega do Porto.
Spoon-Eat ganha Prata
O júri, composto por cerca de duas dezenas de personalidades ligadas ao sector alimentar, distinguiu o projecto Spoon-Eat com a Prata (correspondente a um prémio de 1.000 euros) – que arrecadou também a distinção Born from Knowledge, promovida pela Agência Nacional de Inovação, um dos parceiros desta iniciativa, pelo seu conceito nascido do conhecimento com base tecnológica.
Desenvolvido pela equipa que integra estudantes do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa e da Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnico de Lisboa, este biscoito em forma de colher é confeccionado através de impressão 3D, aproveitando subprodutos diversos da indústria alimentar (incluindo farinhas de grão-de-bico, arroz e castanha). Com aromatização de canela, apresenta-se como um snack que pode ser conjugado com café, iogurte, compotas, entre outros sabores. Uma colher comestível que além de ser versátil, é de confecção ecológica, evitando produtos de consumo único.
3º prémio para a Casulini
Já o terceiro prémio foi atribuído à equipa Casulini, a concurso com o produto CIBO, um palito salgado que tem como matérias-primas as chamadas casulas, um subproduto do feijão transformado em farinha e que depois é aromatizado com azeite, segurelha e alho, num verdadeiro hino aos sabores de Trás-os-Montes. Esta equipa, constituída por alunos da Faculdade de Ciências e da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto recebeu o Prémio Ecotrophelia Bronze no valor monetário de 500 euros.
À sétima edição do Ecotrophelia Portugal concorreram, no total, 12 equipas, constituídos por cerca de 60 alunos provenientes de Universidades e Politécnicos de Norte a Sul do País. Os oito projectos finalistas, reuniram no Porto cerca de 35 estudantes, cujos projectos empreendedores foram avaliados por um conjunto de especialistas em inovação alimentar e stakeholders ligados ao sector que tiveram como missão escolher os três produtos que mais se destacaram pelos seus pressupostos inovadores, ecológicos e sustentáveis, que vão ao encontro das tendências de consumo.
Spirulife representa Portugal na Europa
A equipa Spirulife vai, assim, representar Portugal na edição europeia do prémio, que junta os vencedores das competições nacionais de vários países, e que decorre este ano na feira internacional do sector ANUGA, no próximo mês de Outubro, em Colónia, na Alemanha.
Recorde-se que Portugal já saiu grande vencedor da prova Ecotrophelia Europe em 2020, com o preparado fermentado OrangeBee, feito à base de aquafaba (desperdício da indústria alimentar que resulta da água da cozedura de leguminosas e legumes) e de pólen, desenvolvido por duas alunas também da Universidade de Aveiro.
Na edição passada, em 2022, Portugal voltou a ocupar o pódio, desta vez na segunda posição, com o produto Handy Rice, um snack desidratado à base de arroz e do tubérculo yacon da Universidade de Coimbra e da Universidade de Aveiro.
Deolinda Silva, directora executiva da PortugalFoods, afirma que “a capacidade empreendedora e a criatividade destas equipas de estudantes é de louvar. Demonstram que estão, comprometidos com o planeta, através da criação de produtos que geram valor e têm um impacto ambiental positivo, ao mesmo tempo que estão alinhados com as exigências do mercado e dos consumidores. Para a indústria, a capacidade empreendedora e criativa dos participantes, enquanto futuros profissionais, assim como a cooperação com o sistema científico, são cruciais para antecipar tendências e fazer a diferença no futuro”.
Organizado desde 2017 pela PortugalFoods, o Prémio Ecotrophelia Portugal 2023 contou com o Alto Patrocínio da Presidência da República e o apoio da Câmara Municipal do Porto, TECMAIA, APCER, ANI – Agência Nacional de Inovação e das consultoras Ivity e MarketAccess. Conta ainda com o patrocínio de diversas entidades: Crédito Agrícola, Vieira de Castro, Novarroz, Grupo Primor, Água Monchique, Super Bock Group, Delta Cafés, Continente Food Lab , All The Way Travel, SPI – Sociedade Portuguesa de Inovação, Creative Building Solutions.
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