Análise SIMA – Sistema de Informação de Mercados Agrícolas
Cereais de Outono-Inverno
Nos cereais de Outono-Inverno, a acentuada redução dos teores de humidade do solo na fase de enchimento do grão não permitiu alcançar as produtividades inicialmente previstas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), principalmente nas searas instaladas mais cedo e, em particular, no Alentejo Central e Baixo Alentejo.
Assim, estimam-se reduções de 5% na produção de centeio, de 10% na de trigo mole e cevada e de 15% na de trigo duro, triticale e aveia. Globalmente, a produção nesta campanha deverá ficar ligeiramente acima das 200 mil toneladas, 10% abaixo da média do último quinquénio.
De referir que, as searas dos cereais de Inverno têm vindo a ser atacadas por javalis, principalmente no interior Norte e Centro, com prejuízos assinaláveis para alguns produtores.
Na semana em análise, a campanha de comercialização de cereais de Outono-Inverno prosseguiu na área de mercado Trás-os-Montes, onde a campanha de comercialização foi dada como encerrada.
Nas zonas de produção da Terra Fria e nomeadamente do Planalto Mirandês, foram efectuadas transacções significativas de Trigo Mole Panificável por operadores espanhóis. O produto transaccionado foi exportado para Espanha. O grão obtido apresentava-se bem formado e com bom peso específico.
Verificou-se uma subida de 50% na cotação, relativamente à última transacção. Esta semana a cotação mais frequente registada de Trigo Mole Panificável foi de 300€/t.
Cereais de Primavera-Verão
O INE estima que a produtividade do milho de regadio poderá registar produtividades historicamente elevadas, um aumento de 5% no rendimento unitário, face a 2020, prevendo-se que alcance as 10,7 toneladas por hectare, ao nível dos mais elevados das últimas três décadas.
No milho para grão de regadio, a colheita das searas mais precoces, de variedades de ciclo mais curto, arrancou no início de Setembro, tendo acelerado o ritmo apenas a partir da terceira semana, estimando-se que no final do mês estivesse colhida entre 10% e 15% da área semeada.
As searas mais tardias, ou de variedades de ciclo mais longo (geralmente mais produtivas), encontravam-se na fase de maturação ou de secagem do grão, com a maioria dos produtores a protelar a colheita até que o milho atinja teores de humidade suficientemente baixos que dispensem a passagem pelo secador antes da armazenagem.
Na semana em análise iniciou-se a campanha de comercialização 2021-2022 de milho nas áreas de mercado Ribatejo e Beira Litoral e prosseguiu na área de mercado Alentejo. A relação procura/ oferta, na área de mercado da Beira Litoral apresentou-se média/ alta.
Em relação à campanha anterior, as cotações foram mais elevadas em virtude de uma procura alta por este produto por parte das indústrias de rações. Esta semana as cotações mais frequentes de milho grão forrageiro variaram entre 235€/t na área de mercado da Ribatejo e 255€/t no Alentejo.
Arroz
O INE prevê que a produção de arroz na campanha 2021-2022 alcance 153 mil toneladas, correspondendo a um aumento de 15% face à campanha anterior, sobretudo devido ao aumento da área cultivada (retoma do cultivo de cerca de 3 mil hectares de canteiros no Vale do Sado que, na passada campanha e devido a obras de requalificação na infra-estrutura de regadio que os alimentava, não puderam ser explorados).
Verificou-se ainda, de forma transversal às principais regiões produtoras, a presença de infestantes e fungos nas searas de arroz, sendo previsível um impacto negativo no rendimento.
Estima-se que 86% do arroz semeado em Portugal em 2021 foi do tipo Longo A / subespécie Japónica e 10% do tipo Longo B / subespécie Indica.
Nesta semana iniciou-se a campanha de comercialização 2021 – 2022 de arroz Longo A na área de mercado Vale do Mondego. Verificou-se uma oferta alta para uma procura média/ baixa.
As cotações nesta campanha apresentaram-se inferiores às da campanha anterior devido à procura interna e às dificuldades técnicas em exportar o produto. As cotações variaram entre 340€/t e 360€/t, sendo a cotação mais frequente arroz de 340€/t.
Cereais importados
O saldo comercial e o saldo em volume do mercado do sector de cereais é negativo, ou seja, Portugal é um país importador de cereais e os principais portos de entrada são Lisboa, Aveiro e Leixões.
A Ucrânia, a França, a Espanha e o Brasil são os países origem das maiores importações de Portugal, quer em quantidade, quer em valor monetário.
As cotações de cereais importadas representam a média de preços do cereal descarregado ponderados pelo respectivo volume. Na semana em análise as cotações dos cereais importados foram as seguintes:
No primeiro semestre de 2021, o deficit de Portugal em cereais aumentou em 33% em volume, em relação ao período homólogo do ano 2020.
No primeiro semestre de 2021, o deficit de Portugal em cereais aumentou em 37% em volume, em relação ao período homólogo do ano 2020, cifrando-se em cerca de 340 milhões de euros.
Todas as cotações aqui.
Agricultura e Mar Actual