O principal objectivo do “UVineSafe”, o mais recente projecto do CITAB — Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas, é combater pragas e doenças da vinha, recorrendo a um protótipo com radiação UV-C acoplado a equipamentos agrícolas. O arranque está previsto para o início de 2025.
“Queremos estimular as defesas naturais das videiras e, para isso, vamos seleccionar a melhor combinação ‘dose/frequência’ de radiação UV-C, sem provocar efeitos secundários, ao mesmo tempo que asseguramos a qualidade da uva”, esclarece Lia-Tânia Dinis, coordenadora do projecto.
No terreno, a equipa do CITAB vai contar com a ajuda de um protótipo que fará viagens entre os valados. Este aparelho, ainda em fase de optimização e desenvolvimento, terá um formato tubular e será revestido com lâmpadas UV-C, explica uma nota de imprensa do Centro de Investigação.
“Comparativamente com a radiação UV-B, as lâmpadas de UV-C apresentam um comprimento de onda mais curto, sendo necessário um menor tempo de aplicação para alcançar o mesmo efeito. No caso da vinha, estamos a falar de apenas uns segundos de exposição”, detalha Lia-Tânia Dinis.
A radiação UV-C será aplicada ao final do dia e, numa fase inicial, os testes serão feitos na casta Sauvignon, por ser uma casta muito comercial e susceptível a doenças. Nos últimos anos e por causa dos efeitos das alterações climáticas, aumentou a incidência de pragas e doenças na vinha. Também a intensificação do cultivo da vinha e a globalização, que facilita a entrada de novas pragas vindas de outras regiões, contribuem para essa tendência.
Traça-da-uva
“A praga sobre a qual vamos incidir este estudo é a traça-da-uva, uma das mais preocupantes para os viticultores. No entanto, existem outras pragas que também afectam as vinhas, como o ácaro-da-vinha, a cigarrinha-verde, a filoxera e a cochonilha. Cada uma dessas pragas pode causar danos significativos à produção, comprometendo a qualidade e a quantidade das uvas”, alerta a investigadora do CITAB.
Com arranque previsto para o início do próximo ano, o projecto vai desenvolver um sistema de apoio à decisão. A recolha contínua de dados climáticos e da previsão das condições ideais para o desenvolvimento de pragas e doenças vão permitir a aplicação de radiação UV-C em momentos-chave, que maximizem a sua eficácia, realça a mesma nota.
Financiado em 250 mil euros pelo BPI-Fundação “La Caixa”, o projecto “UVineSafe” vai decorrer até 2028 e junta o CITAB, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), as empresas Castros e Matglow e, ainda, a Fundação Casa de Mateus.
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