A direcção da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal condena as declarações do secretário-geral do Conselho Nacional da Água, Poças Martins, dizendo que são “falsas e caluniosas” e que “o desconhecimento da realidade e acusações difamatórias aos agricultores desprestigiam” aquele órgão.
O presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, como representante da Confederação no Conselho Nacional da Água, irá intervir na próxima reunião deste órgão, que terá lugar no próximo dia 3 de Outubro, presidida pelo ministro do Ambiente, onde apresentará uma “declaração de protesto quanto ao conteúdo das afirmações proferidas, inadmissíveis num cargo de representação institucional”.
No passado sábado, dia 24 de Setembro, vários órgãos de comunicação social replicaram uma entrevista concedida pelo secretário-geral do Conselho Nacional da Água à agência Lusa, na qual Joaquim Poças Martins tece um conjunto de “afirmações falsas e acusações graves que merecem resposta e repúdio”, diz a CAP em comunicado.
Nessa entrevista, o referido responsável alertou que a “água de graça” e subsídios dados aos agricultores “são perversos” e que é preciso “uma mudança de paradigma” na agricultura portuguesa.
Nas palavras de Poças Martins, “a rega em Portugal não é feita de forma parcimoniosa pelos agricultores porque não se fazem contas: Em Portugal praticamente não se paga pela água para a agricultura e não se mede a água e por aquilo que não se mede nem se paga, não se poupa”.
Em causa estão afirmações como “a generalidade dos agricultores como tem a água barata e como estão, permanentemente, habituados a muitos subsídios, não são eficientes (…), os subsídios são perversos” ou que “a maior ajuda em Portugal aos agricultores, mas que talvez não seja ajuda, é dar água de graça, porque a água de graça é perversa, não estimula o desenvolvimento, não estimula a poupança, não estimula a eficiência”.
A CAP garante que “nenhuma destas afirmações é verdadeira. Tratam-se de acusações gratuitas, enganadoras, ilusórias e insultuosas, cuja conjugação e mistura apenas confunde as pessoas e adia o problema de proporções gigantescas que Portugal tem entre mãos”.
“São afirmações caluniosas, irresponsáveis, que desprezam os agricultores e o esforço do seu trabalho na produção de alimentos e na viabilização dos seus investimentos, revelando um profundo desconhecimento do sector, o que é muito grave atendendo ao cargo que exerce”, realça o mesmo comunicado.
Conselho Nacional da Água
O Conselho Nacional da Água é o órgão independente de consulta do Governo português no domínio do planeamento e da gestão sustentável da água. Neste Conselho têm assento mais de 50 pessoas, entre representantes da Administração Pública Central, regional e local; da academia, de organizações científicas, económicas, profissionais e não governamentais mais representativas nos usos da água; e de personalidades de reconhecido mérito no domínio dos recursos hídricos.
A temática da água, “do seu bom uso e utilização como recurso, é um assunto levado muito a sério pelos agricultores e demasiado importante para se subordinar a declarações falsas e difamatórias de um único responsável, que para expressar a sua visão deturpada do sector agrícola, faz uma utilização abusiva do cargo institucional que ocupa”, realça a direcção da CAP.
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