O Joint Research Centre, serviço científico de investigação da Comissão Europeia que fornece aconselhamento científico independente e apoio às políticas da UE, analisou os impactos na produção agrícola da Estratégia do Prado ao Prato, inserida no Pacto Ecológico. E prevê que os preços da carne, em geral, aumentem entre 17% a 38%, levando a um aumento das importações.
A Associação Valenciana de Agricultores (AVA-ASAJA) leu o documento e diz em comunicado, que o relatório “confirma os piores presságios dos agricultores sobre as terríveis repercussões que do Pacto Ecológico”.
O presidente da Associação Valenciana de Agricultores, Cristóbal Aguado, alerta que este estudo “nos dá razão ao verificar que estratégias verdes como ‘Do Prado ao Prato’, a da ‘biodiversidade’ ou os novos requisitos ambientais da Política Agrícola Comum (PAC) vão substituir parte da produção agrícola europeia, que já é a mais exigente do Mundo em termos de ambiente, pela entrada de um número crescente de importações de países terceiros, que, ao não serem obrigados a cumprir as mesmas normas que são impostas à agricultura europeia, manterão a contagem global das emissões de gases com efeito de estufa, embora pensemos que na realidade vão mesmo aumentá-los devido à distância e às menores garantias agroambientais de países terceiros”.
Cristóbal Aguado afirma mesmo que “o Pacto Ecológico cria mais problemas aos agricultores europeus, mas também não melhora a segurança alimentar dos consumidores nem melhora a luta contra as alterações climáticas a nível global, mas apenas ‘desloca’ e aumenta a poluição fora da Europa, como se fosse uma ilha climática separada do resto do planeta”.
Agricultura como moeda de troca em acordos comerciais?
“Estamos cada vez mais certos de que os planos de Bruxelas visam continuar a usar a nossa agricultura como moeda de troca para podermos vender outros produtos ou serviços industriais a países terceiros. E o falso ambientalismo é apenas um álibi para levar a cabo esta calculada política comercial”, fria aquele responsável.
O presidente da AVA-ASAJA acrescenta que Bruxelas “renuncia a uma auto-suficiência alimentar” num Mundo em que um crescimento demográfico acentuado vai precisar de mais alimentos. E lembra que, segundo dados do Ministério da Transição Ecológica de Espanha, o sector agroflorestal (agricultura, pecuária e silvicultura) é responsável por apenas 0,68% das emissões totais de gases poluentes em Espanha (234,9 milhões de toneladas).
Agricultura e Mar Actual