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PortugalFoods apresenta 10 grandes tendências do consumo e inovação no agroalimentar

O preço e a relação custo-benefício tornaram-se ainda mais relevantes, no último ano, para mais de metade dos consumidores de marcas alimentares e de bebidas em todo o Mundo, segundo a consultora internacional Innova Market Insights que, a convite da PortugalFoods, apresentou hoje, 1 de Março, no webinar “Trends 2023”, as tendências de inovação que vão impactar nas marcas e produtos alimentares no curto-prazo.

Elaborado com base em inquéritos realizados aos consumidores e no desenvolvimento de novos produtos nos diversos mercados mundiais, o estudo identifica as principais tendências de consumo e aponta as oportunidades de inovação para a indústria e para as marcas alimentares.

A elevada inflação, a incerteza que se vive em tempos de guerra e as disrupções observadas nas cadeias de abastecimento estão a colocar desafios aos consumidores: querem economizar nas compras, mas, ao mesmo tempo, exigem que as marcas lhes entreguem mais valor com garantia de sustentabilidade.

“A indústria tem uma missão desafiante pela frente: inovar em tempos de orçamentos mais limitados”, refere um comunicado da PortugalFoods, entidade gestora do cluster do sector agroalimentar português, é constituída actualmente por mais de 170 associados: empresas, entidades do sistema científico nacional da fileira agroalimentar e outras actividades conexas.

“Iniciativas como aumentar os preços ou reduzir ingredientes, por forma a responder às flutuações da cadeia de valor, podem funcionar no curto prazo, mas para garantir ganhos as marcas precisam de ser transparentes na sua comunicação e mostrar claramente os benefícios que oferecem”

“Os fabricantes e as insígnias têm de ouvir, compreender e responder aos valores essenciais dos consumidores. Estes querem marcas que ofereçam qualidade, confiança e segurança, seja nas suas formulações, na sua comunicação, seja nas suas iniciativas de sustentabilidade”, aponta a equipa da Innova Market Insights.

Já a PortugalFoods, pela voz da directora executiva, Deolinda Silva, refere que “o sector agroalimentar português é altamente orientado para o mercado, está muito atento às tendências mundiais por forma a adaptar-se e a diferenciar-se num mercado global competitivo. É um sector dinâmico, com forte vocação para a internacionalização e com processos de inovação cada vez mais maduros”.

Num contexto em que os consumidores procuram responder a uma crise de custo de vida, a “redefinição de valor” posiciona-se, assim, como a primeira das 10 grandes tendências que vão impactar o sector agroalimentar no curto prazo, acrescenta o mesmo comunicado.

A “flexibilidade será, por isso, essencial para as insígnias alimentares vingarem, seja na forma como interagem com os consumidores, seja na forma como aproveitam, ao máximo e rapidamente, as oportunidades tecnológicas emergentes”. Iniciativas como aumentar os preços ou reduzir ingredientes, por forma a responder às flutuações da cadeia de valor, podem funcionar no curto prazo, mas para garantir ganhos as marcas precisam de ser transparentes na sua comunicação e mostrar claramente os benefícios que oferecem”.

A Revista Agricultura e Mar aqui transcreve as 10 grandes tendências do consumo e inovação no agroalimentar:

1. Redefinição do valor: Com a inflação em níveis muito elevados, resultado da volatilidade política e económica, os consumidores estão à procura de estratégias para economizarem – como escolher bens de menor custo e cozinhar “do zero”. Apesar disso, continuam focados em usufruir de novas experiências, em garantir o bem-estar pessoal, mas com evidentes preocupações globais, nomeadamente no que diz respeito ao impacto ambiental das suas escolhas.

Assim, os fabricantes e marcas alimentares não só estão sob maior pressão para entregarem valor aos consumidores, como também têm de responder a expectativas cada vez mais exigentes e amplas – isto, num cenário de orçamentos mais limitados e sérios constrangimentos na cadeia de abastecimento. A volatilidade política e económica é “apenas” a segunda maior preocupação dos consumidores, já que a primeira, dizem, é a saúde do planeta.

Na verdade, de acordo com o estudo, a pressão financeira sentida pelos consumidores está a levar a comportamentos mais ecológicos e orientados para a sustentabilidade. Inquiridos, os consumidores dizem que não só têm reduzido o desperdício de alimentos, como passaram a reciclar ou reciclaram mais, como parte das suas estratégias para responderem ao aumento do custo de vida.

Os produtos frescos são o principal bem alimentar pelo qual os consumidores globais estão dispostos a pagar, seguindo-se os produtos produzidos localmente e os que contêm ingredientes funcionais que que podem ter um papel positivo na saúde. Assim, quanto maior for a capacidade para combinarem benefícios económicos com claros objetivos de sustentabilidade e saúde, maior será o sucesso das marcas.

2. Nutrição acessível: Os consumidores procuram alto valor nutricional pelo preço certo e referem que, dado o aumento do custo de vida, procuram alimentos cada vez mais simples e nutritivos. Os consumidores dizem também que o desenvolvimento de produtos alimentares e bebidas deve ser orientado para a saúde (36%), para a acessibilidade (34%) e para a naturalidade (30%).

3. Impulso geracional: As gerações mais jovens, digitais, procuram um envolvimento positivo e novas experiências, enquanto partilham as suas opiniões de forma ampla e voluntária. São elas que estão a influenciar as tendências de consumo de alimentos e bebidas – levando, por exemplo, à criação de novos sabores. Para a Geração Z, o sabor é mais importante do que a acessibilidade; mas para os Millennials, a acessibilidade é mais importante do que o sabor; já a naturalidade é mais importante do que o sabor para a Geração X e para os Baby Boomers. Criar produtos transparentes, que respondam às necessidades e preferências de cada grupo demográfico, continua a ser essencial para qualquer marca.

4. Plant-based, desvendando uma nova narrativa: Ingredientes subutilizados e novos formatos, vão aumentar o protagonismo dos produtos de base vegetal. As marcas estão a trabalhar na melhoria dos sabores e das texturas, mas sobretudo a responder a uma exigência crescente dos consumidores, que pedem o desenvolvimento de produtos vegetais inovadores, que não se limitem a imitar carne ou lacticínios. Ao mesmo tempo, os consumidores expressam também o desejo de experimentar versões plant-based de culinária tradicional e local, com a indústria a responder com a oferta de refeições prontas e kits de preparação de refeições, com receitas criativas.

5. Cultivar o futuro: Dado o impacto que a actividade agrícola intensiva tem no meio ambiente, os consumidores e a indústria estão cada vez mais focados no tema da sustentabilidade da produção. Novos sistemas e tecnologias agrícolas (como a agricultura regenerativa, a agricultura vertical ou o melhoramento de plantas) estão a melhorar a qualidade e a sustentabilidade, levando a um maior interesse dos consumidores em conhecerem as fontes da sua alimentação.

62% dos consumidores europeus inquiridos referem que “preferem produtos que mencionam na embalagem os benefícios dos seus métodos de produção/sourcing”. Adicionalmente, quando questionados sobre as principais razões para aceitarem alimentos que recorrem a práticas agrícolas inovadoras, referem que o fazem, sobretudo, se a proposta de valor for “mais natural/orgânica”, se se posicionar como “melhor para o ambiente” ou se ajudar “a reduzir riscos para a saúde”.

6. Qualidade com rapidez: Durante a pandemia, muitos consumidores puderam dedicar mais tempo à cozinha e a criatividade culinária floresceu. Contudo, com o regresso a rotinas mais dinâmicas e exigentes, é preciso manter o interesse criativo, mas garantir maior praticidade e conveniência. Na Europa, dois em cada três consumidores afirmam que estão “à procura de formas simples e convenientes de garantir a sua ingestão diária de nutrientes”, pelo que a conveniência está a subir na cadeia de valor: apesar de o custo ser, ainda, o principal fator de escolha nos kits de refeição, seguem-se logo a frescura e os benefícios para a saúde, como prioridades.

7. Saboreando o digital: As marcas alimentares estão a começar a aproveitar o potencial de relacionamento com o consumidor, através da aposta em experiências reais combinadas com experiências virtuais, incluindo uma aposta no metaverso – seja para dar resposta a questões funcionais, ou seja para impulsionar a vertente de entretenimento. Isto é um especialmente importante para cativar os consumidores mais jovens.

8. Gastos “por vingança”: Os chamados pequenos prazeres ganham destaque à medida que, sob pressão financeira, os consumidores fecham o cordão à bolsa a gastos considerados supérfluos ou vistos como mais luxuosos. Durante a pandemia, os consumidores “gastaram significativamente mais” em comida e bebida, enquanto procuraram economizar noutras despesas. As marcas alimentares estão a apostar cada vez mais na oferta de experiências aprimoradas (entre 2020 e 2022, o lançamento de produtos alimentares de edição limitada cresceu em média 28% nos mercados espanhol, francês, alemão e do Reino Unido) e o potencial de mercado é grande: na Europa, um em cada dois consumidores que referem ter perdido poder de compra, também afirmam que é provável que façam uma compra única por impulso “quando o produto alimentar ou bebida é inovador em aroma/gosto”.

9. Descodificar a saúde: A comunicação simples, suportada por certificação credível (como o Nutri-Score), na embalagem é uma fonte obrigatória para os consumidores interessados nos benefícios para a saúde e no valor nutricional de um produto. Para a maioria dos consumidores europeus, as principais fontes de informação para determinarem o quão saudável um produto é são, pela seguinte ordem: a lista de ingredientes, seguida pelo rótulo nutricional, as pesquisas individuais e as declarações da marca referidas na embalagem.

Todavia, as marcas ainda têm muito a trabalhar para garantirem a transparência e a credibilidade dos seus slogans: mais de 80% dos consumidores, na Europa, referem que não confiam totalmente nas alegações relativas aos benefícios para a saúde que são feitas pelas marcas.

10. Positivamente imperfeitas: A transparência e a honestidade na informação que as marcas veiculam sobre a dificuldade que enfrentam no que diz respeito à sustentabilidade são apreciadas pelos consumidores, uma vez que sabem que não são 100% perfeitas. Mais de metade dos consumidores europeus referem que a sua confiança numa marca aumenta quando esta comunica os desafios e as dificuldades que encontram.

Agricultura e Mar

 
       
   
 

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