Os actuais 1.833 hectares (ha) da cultura de abacates no Algarve vão gerar 40 milhões de euros anuais para a região de VAB (Valor Acrescentado Bruto). Actualmente, mesmo sem todos os pomares estarem no chamado ano cruzeiro de produtividade, essa contribuição é já de 20 milhões de euros para a economia anual da região.
Esta é uma das conclusões do estudo intitulado “A Importância da Cultura do Abacate na Região do Algarve”, realizado pela Agro.Ges, consultora especializada em estudos agrícolas, apresentado na quarta-feira na Biblioteca Municipal de Faro, numa iniciativa promovida pela AlgFuturo — União Empresarial do Algarve.
Num dos temas mais relevantes no debate sobre a cultura dos abacates no Algarve – o da água – o estudo indica que a água utilizada por esta cultura é, em média, 6.500 m3/ha por ano, o que é semelhante à média das culturas dominantes, nalguns casos ainda menos.
Outro dado importante do estudo realizado pela Agro.Ges — coordenado pelo Professor Doutor Francisco Avilez — é que os 1.833 ha de abacateiros do Algarve representam 1,8% da superfície agrícola utilizada da região e 3,2% da área de culturas permanentes do Algarve. “Números que mostram bem que se há um problema de escassez de água no Algarve, dificilmente esse problema pode ter origem na cultura dos abacates”, refere um comunicado da AlgFuturo.
Abacate, uma opção estratégica
O estudo da Agro.Ges recomenda que o abacate seja uma opção estratégica e uma opção importante do desenvolvimento agrícola da Região do Algarve, incluindo os seus produtores nos processos de decisão, planeamento e abordagem às soluções para os problemas que o futuro possa guardar.
“O respeito pelos recursos naturais, através do melhor conhecimento das questões relacionadas com o solo, a água, a biodiversidade e o balanço do carbono, assim como a garantia do cumprimento de toda a legislação, permitirão o desenvolvimento sustentável da região, devendo o abacate ser parte desta importante equação”, acrescenta o mesmo comunicado.
José Vitorino, presidente da AlgFuturo, sublinhou que “este estudo dissipa todas as dúvidas sobre a importância do abacate na diversificação da agricultura algarvia e que quaisquer campanhas contra têm “perna curta” porque não se inventariou nada de negativo”.
A sessão de apresentação contou também com Amílcar Duarte, da Universidade do Algarve, que afirmou que “ao contrário do que parecem pensar algumas pessoas a produção de abacate não é nem uma monocultura nem é uma cultura intensiva”.
Para o Director Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAP Algarve) , Pedro Valadas Monteiro, igualmente presente na iniciativa, a cultura do abacate apresenta-se como “o novo paradigma do que deve ser o futuro da agricultura na região, ou seja, com forte incorporação tecnológica, com alto valor acrescentado e com as mais eficientes técnicas de gestão de recursos, nomeadamente a água”.
Agricultura e Mar Actual