A Comissão Europeia anunciou recentemente que quase 50% do mel presente no mercado europeu é fraudulento. Os apicultores europeus consideram estes dados bastante preocupantes e apelam aos decisores políticos que produzam legislação adequada no sentido de regulamentar o mercado do mel, refere um comunicado de imprensa assinado pelo presidente da EBA — European Beekeeping Association (Associação Europeia de Apicultura), Boštjan Noč.
“Suspeita-se que a fraude no mel seja feita com xaropes de origem vegetal (arroz ou milho, por exemplo), num processo altamente sofisticado e recorrendo a tecnologia avançada, que dificulta bastante a sua detecção. O mel fraudulento entra no mercado europeu a um preço baixíssimo, inferior em cerca de 75% do preço do mel pago ao produtor”, alerta o presidente da EBA.
Por iniciativa da Eslovénia, a Comissão Europeia alterou recentemente a Directiva Mel, pelo que em breve todo o mel comercializado na União Europeia indicará claramente em que país (ou países) foi produzido. Além disso, a Comissão estabeleceu o objectivo de definir um método harmonizado para a determinação da autenticidade do mel, ao mesmo tempo que serão definidos os laboratórios de referência para essas análises. “Este processo deverá estar terminado no prazo de três anos, o que, infelizmente, para os apicultores europeus é demasiado tempo”, realça Boštjan Noč.
“De facto, os mais recentes dados, demostram que o mel fraudulento continua presente no mercado. A EPBA – Associação Europeia de Apicultores Profissionais divulgou recentemente os resultados de um estudo por si promovido, onde se concluiu que, na Alemanha, 80% do mel presente no mercado é fraudulento”, reforça Boštjan Noč.
Para aquele responsável, “a sector apícola não sobreviverá a este tipo de concorrência desleal. Os apicultores europeus estão a perder rendimento ano após ano, e as situações de abandono da actividade são já uma realidade. Não é apenas o sector apícola que está ameaçado, uma vez que muita da produção agrícola europeia depende da polinização feita pelas abelhas melíferas”.
Em face deste cenário no mercado do mel, a EBA considera que “é chegada a hora dos decisores políticos europeus adoptarem medidas rigorosas contra a presença de mel falsificado no mercado europeu, estabelecendo de imediato protocolos de metodologia analítica de detecção de falsificações, estabelecendo quais são laboratórios de referência a nível europeu para a realização destas análises de autenticidade, e garantindo que se adopte, em todo o espaço europeu, um sistema de monitorização dos mercados que garanta o controlo e a rastreabilidade do mel importado”.
Para a EBA é também “evidente que a informação que consumidores detém acerca deste assunto é crucial para que este problema possa ser ultrapassado. E por isso, este apelo é também dirigido aos consumidores de mel europeus: «Prefiram mel e produtos apícolas de origem europeia, de preferência produzidos no próprio país»”, frisa Boštjan Noč.
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