A 11ª edição das Olivum Talks decorreu esta quinta-feira, dia 3 de Outubro, na cidade de Beja, e reuniu mais de 300 profissionais e especialistas para discutir temas da actualidade, o futuro e os desafios do sector. O encontro organizado pela Olivum – Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal contou com dois painéis de discussão centrados nas tendências de preço e consumo, e na valorização de subprodutos.
Francisco Gomes da Silva, director-geral da Agro.Ges, foi o responsável pelo arranque do primeiro painel, onde destacou a redução do consumo de azeite na União Europeia — na ordem dos 22% — na campanha 23/24 quando comparado com o período homólogo, refere um comunicado e imprensa da Olivum.
Apesar dessa realidade, Mariana Matos, secretária-geral da Casa do Azeite,” garantiu que o consumidor não abandonou a categoria, mas que é fundamental desenvolver estratégias que assegurem a diferenciação do sector, não só a nível nacional como internacional”, adianta o mesmo comunicado.
“O sector tem um acordo firmado entre todas as estruturas, mas quer no caso de Portugal, quer no caso de Espanha, ainda não conseguimos envolver o Estado na sua missão que passa por operacionalizar essa estrutura. Assim, é necessária uma colaboração estreita com o Estado, criar as melhores condições de produção e potenciar a imagem do azeite português no mercado externo”, referiu Mariana Matos.
“Espanha prevê aumentar a produção de forma significativa, ao contrário de Itália, que apresenta uma quebra na produção. Em Portugal, as estimativas de produção para a campanha que arrancou revelam não compensar a queda de stock nestes dois anos. Arrisco-me a dizer que não estão criadas as condições para um ajustamento do mercado em baixa”, comentou Francisco Gomes da Silva em relação às previsões da actual campanha, que acaba de se iniciar.
No que respeita ao segundo painel, Juan António Palomino, Chefe de Departamento de Tecnologia do Azeite e Meio-ambiente do Conselho Oleícola Internacional, dirigiu uma apresentação onde destacou a importância do aproveitamento do bagaço de azeitona e valorização do caroço de azeitona, cuja realidade em Espanha é contrária à de Portugal.
Subprodutos
Quando questionada sobre o facto de, em Portugal, o caroço de azeitona ser considerado um resíduo, Sílvia Ricardo, da Agência Portuguesa do Ambiente, esclareceu que, apesar de em Espanha ser considerada uma biomassa, Portugal tem uma visão mais restritiva sobre o tema. “Recordamos que há sinergias que podem ser feitas como, por exemplo, com a indústria de agropecuária, para a produção de gases renováveis e fertilizante”, destacou a responsável.
No entanto, o sector continua em desacordo com esta visão, tal como foi explicado pelos especialistas que participaram nesta mesa redonda, Juan António Palomino e José La Cal Herrera, uma vez que “a classificação do caroço de azeitona como resíduo não permite trazer valor acrescentado a este produto. Pela sua grande capacidade calorífica, deveria ser valorizado como subproduto para fonte energética alternativa, uma vez que apresenta uma grande procura no mercado nacional e internacional, o que contribuiria para as exportações portuguesas”, salienta o mesmo comunicado.
O encontro contou ainda com uma intervenção de Salvador Malheiro, presidente da Comissão de Ambiente e Energia, que sublinhou a “importância do reaproveitamento de subprodutos, por forma a dar resposta à economia circular, da aposta nas energias renováveis e nos bicombustíveis, bem como na criação de políticas públicas assentes em investigação”.
Neste encontro, a Olivum assinalou ainda a parceria com o Instituto Politécnico de Beja, na criação da Pós-Graduação em Gestão Sustentável do Sector Olivícola, com a plantação de uma oliveira no Instituto, marcando o término da manhã de trabalhos.
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