O mar Mediterrâneo está próximo do esgotamento devido ao “desenvolvimento económico inédito” que ameaça os seus ecossistemas “já degradados”, advertiu nesta terça-feira a organização ambientalista World Wildlife Foundation (WWF).
No relatório MedTrends, a WWF avisa que este pequeno mar, quase interior, está a ser sobre-explorado por uma série de actividades maritmas, para as quais se prevê uma expansão significativa durante os próximos 20 anos: plataformas de energia eólica, extracção de petróleo, cabos submarinos, rotas de transporte, pesca e turismo.
Este mar semifechado, que é habitat de entre 4% e 18% das espécies marinhas conhecidas, distribuídas por uma área de menos de 1% dos oceanos do mundo, enfrenta um aumento sem precedentes na exploração de petróleo e gás.
Os contratos de exploração de petróleo e gás offshore “que se estendem a mais de 20% do Mar Mediterrâneo e que podem vir a expandir-se até duas vezes esta superfície”, alerta a WWF, citada pela plataforma PONG-Pescas.
WWF defende plano a longo prazo
Num cenário em que se continue a explorar desta forma o Mediterrâneo- o relatório da WWF estuda as tendências até 2030 – “a actual depredação do espaço e dos recursos marítimos não é sustentável”. A única forma de assegurar que o mar Mediterrâneo continuará a aguentar as nossas economias nacionais e a promover uma ‘economia azul’ sustentável é existir uma gestão integrada de todo o espaço marítimo”, diz Giuseppe Di Carlo, director da Iniciativa Marítima do Mediterrâneo da WWF. “Economias, indústrias, governos, a sociedade civil e todos os interessados têm de construir uma visão para o Mediterrâneo que faça a ponte entre o desenvolvimento económico e a gestão dos recursos”. acrescenta Di Carlo.
O único sector que mostra uma tendência de quebra é a pesca profissional, devido ao esgotamento dos stocks nesta região. Hoje, segundo a WWF, mais de 90% das reservas de peixe são sobre-exploradas. Por isso, a associação ambientalista prevê que os conflitos de espaço entre, por exemplo, a aquacultura e o turismo aumentem.
A WWF estima que o turismo se torne a actividade mais importante na economia do Mediterrâneo, com as chegadas de turistas internacionais no Mediterrâneo a aumentar 60% entre 2015 e 2030, atingindo os 500 milhões em 2030.
“A União Europeia deve desempenhar um papel crucial neste assunto. As ferramentas existem no papel, como no caso da Directa de Palneamento Espacial Marítimo de Julho de 2014”, sublinha Catherine Piante da WWF França, líder do projecto MedTrends.
O relatório Med Trends analisa a situação do mar a partir dos oito países mediterrânicos da União Europeia: Croácia, Chipre, França, Itália, Grécia, Malta, Eslovénia e Espanha.
Segundo a associação, “a produção de petróleo no mar poderá aumentar em 60% entre 2010 e 2020 na região do Mediterrâneo, passando de 0,7 milhão de barris por dia para 1,12 milhão de barris por dia”. As reservas de petróleo do Mediterrâneo são responsáveis por 4,6% das reservas mundiais, aponta o relatório.
Quanto à produção de gás no mar, “poderá quintuplicar entre 2010 e 2030, de 55 milhões de toneladas por ano para 250 milhões”. Já o transporte marítimo deverá duplicar até 2030.
Agricultura e Mar Actual