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Saiba como poupar com o uso de bioestimulantes na agricultura

Artigo de opinião de Rosa Moreira, Eng.ª Agrónoma, promotora do site A Cientista Agrícola

Os bioestimulantes são produtos obtidos a partir de diferentes matérias-primas naturais e utilizados em sistemas de cultivo para produção de forma mais ecológica e sustentável.

Na agricultura convencional, e principalmente, na agricultura biológica, o uso de fertilizantes é limitado. Além disso, os novos sistemas de cultivo, principalmente, os de baixo investimento, visam reduzir os gastos sem comprometer o rendimento ou a qualidade dos produtos finais. Ora, os bioestimulantes surgem como uma boa alternativa a quem tem pouco recursos para investir nos seus cultivos e estimular de forma mais natural o crescimento dos produtos quer em condições óptimas quer sob stress.

Fique a saber mais sobre bioestimulantes e como os pode aplicar neste artigo!

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Saiba mais sobre o uso de bioestimulantes na agricultura

Os bioestimulantes são produtos derivados de matéria orgânica que contêm substâncias bioactivas e/ou microrganismos capazes de melhorar o desenvolvimento de plantas e produtos agrícolas. Podem ser aplicados directamente nas plantas ou no solo, estimulando diversos processos fisiológicos e moleculares que levam ao aumento/melhoria da eficiência de absorção e uso de nutrientes, maior tolerância aos factores de stress e contribuem para uma maior produção e qualidade. Além disso, possuem um impacto ambiental mais baixo relativamente aos fertilizantes sintéticos.

Os primeiros bioestimulantes de que se tem registo, já na época romana, são os extractos de algas. Eram aplicados como estrume e sabe-se que melhoravam a fertilidade do solo e o crescimento das plantas. Com o passar do tempo, a utilização destes produtos aumentou e, hoje bioestimulantes são obtidos a partir de diversas matérias-primas. Contudo, os bioestimulantes não têm efeito sobre parasitas e agentes patogénicos e, portanto, não se enquadram na categoria de pesticidas.

Os bioestimulantes têm sido amplamente aplicados em diferentes culturas e a eficácia tem sido variável porque muitas vezes as concentrações ideais e o momento da aplicação, bem como as respostas das culturas, não podem ser generalizados para todas as espécies. Assim, como os bioestimulantes activam mecanismos de defesa específicos, é importante identificar o melhor momento de aplicação e garantir a aplicação da dose ideal, pois só dentro de uma certa gama de concentrações a cultura irá responder positivamente à aplicação dos bioestimulantes. Portanto, é importante definir para cada bioestimulante a faixa ideal de aplicação, pois concentrações muito altas ou baixas podem anular o efeito do mesmo.

Espreita alguns exemplos de sucesso da sua aplicação

A agricultura biológica é geralmente caracterizada por menor rendimento das culturas em comparação com os sistemas de produção convencionais, principalmente devido à limitação imposta ao uso de fertilizantes. Por essas razões, a utilização de bioestimulantes em sistemas de cultivo deste modo de produção agrícola tem sido cada vez mais extensa.

Nos hortícolas, a aplicação de bioestimulantes permitiu a redução de fertilizantes sem afectar o rendimento e a qualidade. Por exemplo, em alface baby leaf o uso de bioestimulantes demonstrou a capacidade de redução do teor de nitrato e melhoria da qualidade comercial destes vegetais. Além disso, aumentaram os pigmentos das folhas e o crescimento das plantas, estimularam o crescimento das raízes e aumentaram o potencial antioxidante das plantas. Sabe mais aqui: 10.17660/ActaHortic.2009.807.58.

Num outro estudo conduzido em couve-flor e erva-doce tratada com bioestimulantes, verificaram-se maiores rendimentos de produção e menor concentração de nitratos em relação às plantas sob o sistema convencional. Isto é particularmente positivo, pois a acumulação de nitratos e nitritos nos tecidos vegetais pode constituir um perigo para a saúde humana.

No tomate, a aplicação de bioestimulantes à base de substâncias húmicas e microrganismos aumentou significativamente a sua produção durante o primeiro ano de conversão da agricultura convencional para orgânica. A aplicação de substâncias húmicas em combinação com a inoculação de microrganismos parece ser uma poderosa ferramenta biotecnológica para a promoção do crescimento vegetal em sistemas agrícolas sustentáveis. https://doi.org/10.1016/j.scienta.2015.09.013. No tomate também foi demonstrada a eficácia de substâncias húmicas para melhorar a tolerância à salinidade.

O uso de produtos resultantes da compostagem de chá é cada vez maior na agricultura orgânica em todo o mundo devido aos benefícios que eles fornecem como fertilizantes, bioestimulantes ou na defesa contra patogénicos. Em particular, os efeitos de um extrato composto de chá, aplicado através de pulverização foliar na planta da pimenta, foi avaliado por dois anos e, em ambos os anos, verificou-se um aumento considerável na produção desta planta. https://www.curresweb.com/mejar/mejar/2013/108-115.pdf

Em estacas de hibisco e da planta cróton o efeito da aplicação de substâncias húmicas (mistura de vários compostos orgânicos sintetizados a partir de restos de matéria orgânica decomposta por microrganismos) foi comparado ao promovido por hormonas vegetais sintéticas. As estacas tratadas com as substâncias húmicas apresentaram um maior alongamento em comparação com plantas não tratadas. Fica a conhecer mais aqui: https://doi.org/10.1590/S0034-737X2012000400007.

bioestimulantes

O uso maciço de fertilizantes na floricultura e outras plantas ornamentais é uma das principais fontes de poluição no sector agrícola. Portanto, os bioestimulantes são muito apreciados na floricultura devido aos contributos na melhoria do crescimento e produção de flores e por contribuírem para produções sustentáveis.

Num estudo realizado com margaridas, a pulverização foliar de extractos de algas marinhas (nomeadamente a Ecklonia maxima) resultou num melhor crescimento durante a fase vegetativa e reprodutiva destas flores. Fica a saber mais aqui: https://doi.org/10.1007/BF02182160.

A aplicação de bioestimulantes à base de extractos de algas em plantas de canteiro (petúnias, amores-perfeitos e cosmos) expostas à seca, revelou efeitos positivos no crescimento e desenvolvimento destas plantas. Sabe mais aqui: https://doi.org/10.1016/j.scienta.2015.09.012.

A aplicação de quitosano, um polissacarídeo encontrado nas cascas de crustáceos, quer em sementes quer no solo também demonstrou antecipar a floração e promover o crescimento de muitas plantas com flores, como a begónia, a frésia, a lobélia de jardim, o gladíolo e a flor de macaco.

Como já referido os bioestimulantes também podem conter microrganismos benéficos. Este tipo de bioestimulantes actua principalmente na amenização dos efeitos dos metais pesados nas plantas com flores.

O uso de bioestimulantes pode melhorar as defesas das plantas contra patogénicos e a sua aplicação para protecção de plantas é mais comum do que para outras práticas agrícolas. Por exemplo, os efeitos letais da Phytophthora cinnamomic (causadora da chamada doença da tinta) foram atenuados na proteaceae. O quitosano e produtos derivados também são usados ​​para protecção de plantas. Uma solução com quitosano mostrou proteger os crisântemos contra o efeito prejudicial de vários patogénicos fúngicos.

Assim, o uso de bioestimulantes pode representar uma alternativa concreta à redução de produtos químicos em produções com baixos recursos económicos e livres de produtos químicos, pois está provado que a sua aplicação melhora a tolerância de diferentes cultivares.

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