“Nós, produtores de leite, dizemos sim à redução dos volumes de leite em toda a UE e não ao armazenamento privado de manteiga, leite em pó e queijo como medida de gestão de crises”. Foi esta a mensagem que os produtores de leite da Europa enviaram à Comissão e aos Estados-membros.
É neste âmbito que a Aprolep — Associação dos Produtores de Leite de Portugal quer neste momento “afirmar toda a solidariedade e apoio aos produtores de leite europeus que hoje se manifestam em vários países da Europa, coordenados pelo BEM — European Milk Board, propondo um programa de redução voluntária da produção de leite a nível europeu”, face à redução do consumo de produtos lácteos provocada pela pandemia do Covid19 e às dificuldades de exportação.
Em comunicado, a Associação diz que “é nosso dever alertar que esta situação pode ser ainda mais grave para os produtores de leite portugueses porque ocorre depois de 10 anos com o preço do leite ao produtor sempre abaixo da média comunitária e de termos o pior preço entre os 27 Estados da Europa, nos últimos dois meses com dados disponíveis, Fevereiro e Março de 2020, com 0,304 €/ kg, 4 cêntimos abaixo da média comunitária”.
Contexto difícil
Para agravar este contexto difícil, acrescenta o mesmo comunicado, algumas centenas de produtores portugueses, no continente e nos Açores, “foram já notificados por vários compradores sobre descida do preço do leite, face à dificuldade em dar escoamento a produtos de valor acrescentado, nomeadamente, queijo, que deixou de ser vendido na restauração”.
Para a Aprolep, as medidas recentemente anunciadas pela União Europeia de apoio à armazenagem privada de queijo ou leite em pó “são claramente insuficientes, porque se está apenas a empurrar o problema para a frente, sem resolver os actuais desequilíbrios entre oferta e procura a nível europeu. Nem o armazenamento privado nem a intervenção impedem a superprodução, armazenam apenas excedentes que poderão afectar ainda mais negativamente o mercado português”.
No contexto “excepcionalmente dramático” desta pandemia, a Aprolep espera que o Governo português “defenda, perante a União Europeia, a redução voluntária da produção apresentada pelo European Milk Board, em que os produtores que produzem menos na situação actual do que no mesmo período do ano passado receberiam um bónus por litro de leite não produzido. Este programa já foi brevemente implementado com sucesso em resposta à crise dos lacticínios em 2016″.
A Associação renova assim o apelo “à escolha de produtos lácteos nacionais por parte dos consumidores portugueses, bem como à solidariedade e partilha de esforços da indústria e distribuição, para que a crise económica de sector lácteo não seja apenas assumida pelos produtores”.
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