A situação pandémica no concelho de Odemira está a servir de palco a uma das “mais deploráveis campanhas contra a agricultura portuguesa de que há memória. A agricultura, um sector campeão das exportações nacionais, que tanto valor acrescentado traz ao nosso País, vê-se envolvida num rol de acusações infames às quais é preciso dar a devida resposta e fazer o devido contraditório”, diz a direcção da Confederação dos Agricultores de Portugal.
Por isso, o presidente da CAP — Confederação dos Agricultores de Portugal, Eduardo Oliveira e Sousa, atendendo às “múltiplas e inaceitáveis declarações” que têm vindo a ser feitas, ao longo da última semana, sobre a agricultura portuguesa, e à “imensa desinformação que circula no espaço público e mediático”, em particular sobre a situação no concelho de Odemira, com destaque para as freguesias de São Teotónio e Longueira/Almograve, tomou a iniciativa de convocar uma conferência de imprensa, a ter lugar amanhã, 5 de Maio, a partir das 12 horas, na sede da CAP, em Lisboa. Estará acompanhado pelo presidente da Portugal Fresh, Gonçalo Santos Andrade.
Mecanismo fiável de testagens
“É imprescindível que seja instituído um mecanismo fiável de testagens que permita a circulação de proprietários e de trabalhadores para efeito de acesso às produções agrícolas, mediante apresentação de comprovativo de teste negativo para a Covid-19”, refere a CAP.
E acrescenta que quem “não está, comprovadamente, infectado e pode trabalhar, deve poder ir trabalhar. As consequências da manutenção da cerca sanitária são certas: prejuízos de milhões, falências e desemprego massivo, muito dele irrecuperável. Está o Governo disponível para pagar a factura dos prejuízos económicos dos agricultores e os custos do colapso social e humano de milhares de pessoas que não terão sustento e emprego no curto prazo se continuarem impedidos de aceder ao seu local de trabalho? Esta é uma verdadeira questão de Direitos Humanos que deve ser considerada”.
Alojamentos
Quanto aos alojamentos, diz a Confederação dos Agricultores de Portugal que “é preciso repor a verdade dos factos, porque os agricultores cujos trabalhadores não vivem nas quintas não só são alheios a esta questão (como qualquer empregador de outra qualquer área de negócios) como andam há anos a chamar a atenção dos poderes públicos e a apelar, ao nível local e nacional, para que esta situação seja resolvida. Não sendo responsáveis pelos alojamentos, estes têm vindo a apelar para que o Estado aja, de forma reiterada”.
Para a Confederação, “os agricultores estão a ser vítimas da inacção do Estado, que ao longo de mais de uma década optou por fechar os olhos à chegada crescente de trabalho imigrante na zona do perímetro de rega do Mira e às suas reais necessidades, incluindo de alojamento”.
Agricultura e Mar Actual