A guerra na Ucrânia veio agravar, ainda mais, a situação de crise que se vive no sector agrícola e da pecuária, a passar por um período de aumento dos custos de produção, como os da energia e combustível, das matérias-primas e dos adubos e pesticidas, além da situação de seca.
Mas a crise pode piorar. “Podem começar a faltar os fertilizantes, que é a nossa grande preocupação. Se não houver fertilizantes como é que se conseguem produzir alimentos?”, alerta o presidente da ACOS — Agricultores do Sul e da Comissão Organizadora da 38ª Ovibeja, Rui Garrido, acrescentando que “esta guerra veio trazer ainda mais pertinência, digamos assim, ao tema da Ovibeja deste ano”.
“Como Alimentar o Planeta?” é o tema principal da 38ª Ovibeja, a decorrer de 21 a 25 de Abril, em Beja. Uma organização da ACOS – Associação de Agricultores do Sul.
Em entrevista concedida ao gabinete de imprensa da 38ª Ovibeja, Rui Garrido diz que “neste momento não está apenas em causa como alimentar o planeta, mas também que capacidade terão os agricultores de o fazerem, uma vez que o aumento das despesas e dos factores de produção tem sido brutal”.
E realça: “mas não é apenas o aumento dos custos, mas também as matérias-primas que vão faltar – e que já estão a faltar – devido à situação de guerra. Fala-se das matérias-primas e, sobretudo, cereais e oleaginosas, de que a Rússia e a Ucrânia são grandes produtores, 30% dos quais importados pela União Europeia, mas começa-se também a notar que podem começar a faltar os fertilizantes, que é a nossa grande preocupação. Se não houver fertilizantes como é que se conseguem produzir alimentos?”.
Momentos de debate
Para Rui Garrido, “esta conjuntura veio, de facto, agudizar a questão, que dá mote à Ovibeja, de como alimentar o planeta. E sobre este tema vamos ter uma feira recheada de debates e troca de opiniões. Daí que tenhamos organizado uma grande conferência subordinada a este tema, que vai ter oradores de grande prestígio como o antigo ministro da Agricultura, António Serrano; o antigo ministro e líder do CDS, Paulo Portas, um investigador responsável pelo Laboratório Colaborativo InnovPlantProtec, Pedro Fevereiro e convidámos também a secretária-adjunta da FAO, Maria Helena Semedo, que estará presente via zoom”.
Mas os debates não ficam por aqui. Há mais. “Convidámos os vários Centros de Competência de que somos associados para que possam trazer aqui, relativamente a este grande tema, os seus contributos. Para isso vamos ter a presença do Centro de Competências do Porco Alentejano que abordará o “Presente e Futuro do Montado”; “A Agricultura de Precisão e a Digitalização”, pelo Centro de Competências InnovTechAgro; o Centro de Competências das Alterações Climáticas trará o tema “Alterações Climáticas – Como nos adaptarmos para alimentar o planeta?”. São tudo debates ligados ao tema central desta Ovibeja”, refere ainda Rui Garrido.
A 38ª Ovibeja conta ainda com outros debates agendados: “O regadio e o desafio da alimentação mundial”, pela Fenareg; o Centro de Competências do Pastoreio Extensivo vai levar “A Pecuária extensiva e a sua sustentabilidade”; “A agro-pecuária ética e sustentável”, da responsabilidade do Monte do Pasto; Regimes de Certificação, Valor Acrescentado para a Produção, na Comercialização e PEPAC”, da responsabilidade da Agricert.
Agricultura e Mar