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38ª Ovibeja vai ser um espaço de debate sem “preconceitos em falar da agricultura intensiva”

“Não podemos ter preconceitos em falar da agricultura intensiva, que é um assunto que quando se aborda até parece que somos todos uns criminosos, que apanhámos a água do Alqueva e que só praticamos crimes de lesa pátria e contra o clima. E isso não é verdade. Temos que abordar estas temáticas de uma forma serena, sabendo que tem que haver sustentabilidade económica, mas também sustentabilidade ambiental, para amanhã conseguirmos alimentar o planeta”.

Quem o diz é Rui Garrido, presidente da ACOS — Agricultores do Sul e da Comissão Organizadora da 38ª Ovibeja, que se realiza de 21 a 25 de Abril, em Beja, tendo como tema principal “Como Alimentar o Planeta?”.

Em entrevista concedida ao gabinete de imprensa da 38ª Ovibeja, Rui Garrido diz que “queremos falar de tudo isto sem tabus e sem preconceitos. A superfície agrícola útil mundial não aumenta e cada vez há mais pessoas no mundo. E para fazê-lo é necessário recorrermos a todos os tipos de agricultura, é preciso recorrer à ciência, às novas tecnologias, porque se não for assim não conseguiremos alimentar o Mundo”.

Guerra na Ucrânia

Quanto às sanções e restrições ao comércio com a Rússia, devido à sua invasão da Ucrânia, Rui Garrido considera que estão a afectar os agricultores portugueses e, particularmente, os alentejanos. “Afecta sempre, mas talvez a agricultura alentejana, no conjunto da agricultura nacional, seja, no curto prazo, a menos afectada. Os dois grandes sectores em que as sanções mais se fazem sentir são o dos vinhos, sobretudo mais da zona dos vinhos verdes, e o do leite. Nos outros sectores, a situação, para já, não é tão grave, mas apenas no curso prazo. A um prazo mais longo tudo será diferente”.

Na mesma entrevista o presidente da ACOS acrescenta que “o grande problema que estamos a sentir e que poderá afectar algumas culturas de Primavera, nomeadamente o milho, é o aumento brutal dos factores de produção, uma vez que depois não há a garantia de que o preço de venda vai cobrir o volume da despesa”.

E, no que respeita à pecuária, refere que “este conflito veio agravar significativamente o aumento dos preços das rações que já se estava a fazer sentir nos últimos meses por força da Seca, atingindo neste momento preços proibitivos”.

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