O PAN, Pessoas-Animais-Natureza, vai agendar na conferência de líderes de amanhã, dia 16 de Maio, o debate com vista a abolir as corridas de touros em Portugal. É a primeira vez que este debate é agendado na Assembleia na República (AR).
No projecto de lei, o PAN apresenta uma “extensa análise dos espectáculos tauromáquicos do ponto de vista histórico, social e cultural com recurso a estudos científicos de organizações nacionais e internacionais sobre as implicações nocivas e transversais que a prática tem nas crianças, nos jovens e adultos, bem como nos animais envolvidos”, explica fonte do partido.
Para o PAN o direito ao entretenimento, “ainda que disfarçado de herança cultural, não deve poder prevalecer sobre o respeito pela liberdade, pela vida e pela integridade física e psicológica de animais que são sensíveis e que sentem dor, por um lado, nem sobre o ideal de sociedade que rejeita a violência, por outro”.
Valorizar a cultura enquanto sistema complexo de códigos e padrões partilhados por uma sociedade, passa “inevitavelmente por sermos capazes de medir a aceitação e receptividade, por essa mesma sociedade, das respectivas manifestações culturais”.
Actividade taurina em 44 municípios
No que respeita aos espectáculos tauromáquicos, referem os responsáveis pelo PAN, a “realidade não corresponde à opção do legislador que os elevar à condição de cultura. Dos 308 municípios do País, apenas 44 têm actividade taurina, i.e., 14,8%”.
Um comunicado do partido acrescenta que, em 2017, realizaram-se 181 espectáculos tauromáquicos, dos quais 26 foram na praça de Albufeira e 13 na de Lisboa, sendo que em 27 das praças de touros existentes, ou seja, mais de 50%, realizaram apenas uma ou duas corridas durante o ano. “A praça que organiza mais corridas de touros por ano é orientada para o turismo e não para satisfazer qualquer vontade do público local”, garante o PAN.
Menos touradas?
Mas, a tauromaquia está em extinção? O PAN diz que sim. “Ano após ano, as touradas atingem mínimos históricos de corridas e de público no nosso País. Desde 2010 as touradas já perderam mais de 53% do seu público. A indústria tauromaquia tem um peso cada vez mais insignificante em Portugal, não obstante todo o investimento em marketing para transformar a sua imagem associada à brutalidade e decadência e os vários apoios e subsídios públicos directos e indirectos”.
André Silva, deputado do PAN, frisa que “a identidade de um povo cria-se a partir do que é pertença comum e não daquilo que nos divide, pelo que forçar a identidade tauromáquica à população portuguesa é ofensivo e contraproducente para uma desejada unidade nacional e evolução civilizacional”.
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