A deputada única do PAN – Pessoas-Animais-Natureza, Inês de Sousa Real, considera a intervenção do ICNF — Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, que levou ao abate de sete javalis na Serra da Arrábida, no dia 3 de Julho de 2024, “além de violenta e desnecessária, revela uma abordagem retrógrada e insensível ao controle da população de javalis”.
“Em pleno século XXI, é inaceitável que a resposta às interacções entre humanos e fauna selvagem seja a execução sumária de animais que, até então, faziam parte da vida quotidiana e do ambiente da comunidade”, frisa aquela deputada.
Por isso, entregou na Assembleia da República uma série de perguntas à ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, pretendendo saber “quais foram os critérios adoptados pelo ICNF para decidir pelo abate dos javalis” e se “é conhecido o destino final da carne dos animais abatidos”.
A deputada Inês de Sousa Real pergunta ainda se “face às circunstâncias específicas do caso, concretamente o facto do abate ter sido realizado na presença de crianças, foi instaurado algum processo disciplinar contra os envolvidos no abate dos javalis” e “quais as medidas que estão a ser ou irão ser tomadas para responsabilizar os envolvidos por possíveis excessos ou falhas de conduta”.
Por outro lado, a deputada única do PAN quer saber se “nas alterações que sabemos que o Governo se encontra a trabalhar para ‘intensificar o controlo de densidade do javali’ estão a ser estudadas e/ou ponderadas alternativas ao abate de javalis como medida mais ética e sustentável ao controlo da população destes animais” e se “existe algum plano de educação e sensibilização sobre a convivência segura com a fauna selvagem”.
Para Inês de Sousa Real, “o Governo, enquanto gestor do património natural e protector do bem-estar das suas populações, deve procurar soluções que respeitem a vida e promovam a convivência entre humanos e animais. Medidas preventivas e educativas, a par de métodos não letais de controle populacional são urgentemente necessárias”.
E garante que “os javalis, que para muitos constituem uma atracção turística na zona, e são uma parte integrante da biodiversidade da região, foram abatidos com sete disparos que resultaram na morte de sete animais, numa cena perturbadora para todos os presentes. Agrava o facto de, segundo a informação que detemos, a própria comunidade local tinha até mesmo baptizado os animais, convivendo com eles de forma amigável”.
“O abate, além de causar uma profunda consternação na comunidade, levanta sérias questões éticas e legais. A carne dos javalis abatidos, aproximadamente 400 kg, foi carregada nas viaturas e transportada para um destino que se desconhece. A acção tem sido vista como uma intervenção desnecessária e desumana, especialmente considerando que existem alternativas mais éticas para o controle populacional desses animais”, frisa a deputada nas questões enviadas à ministra.
Mas, entretanto, Pedro Vieira, presidente do Clube da Arrábida — associação ambientalista —, já explicou que houve, de facto, uma acção de caça no dia 3 de Julho na Praia do Creiro, mas que foi legal, fora do areal e sem que houvesse tiros disparados junto a crianças.
Pedro Vieira garantiu ainda que estas “acções de correcção de densidade populacional” decorrem no âmbito de um protocolo entre ICNF, autarquia de Setúbal e Clube da Arrábida, e que estão autorizadas com vista ao controlo do número de javalis, que diz estar fora do controlo.
Agricultura e Mar