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Eurodeputado do PSD/Açores defende sistema produtivo proteico resiliente e interconectado

O eurodeputado do Partido Social Democrata dos Açores (PSD/Açores), Paulo do Nascimento Cabral, defendeu que “para garantir a soberania alimentar, a resiliência económica e a sustentabilidade social e ambiental, a União Europeia deve aumentar estrategicamente a sua produção de proteínas de origem animal e vegetal, e quem sabe, também de proveniência dos insectos, uma vez que a segurança alimentar constitui uma questão de defesa e resiliência face a perturbações geopolíticas”.

Na abertura da Conferência “Rumo a um Sistema Proteico Sustentável e Diversificado: Desafios e Oportunidades para Agricultores, Sociedade e Ambiente”, e na qualidade de co-organizador principal do evento, Paulo do Nascimento Cabral destacou que “a União Europeia apresenta um défice significativo de proteína, especialmente no que se refere às proteínas de origem vegetal, sendo que a taxa de auto-aprovisionamento da UE para todas as fontes de proteína situa-se nos 75%, o que significa que temos de importar 25% da proteína que consumimos ou utilizamos para a alimentação animal”.

Segundo a Comissão Europeia, a UE importa cerca de 70% das suas necessidades de proteína vegetal, nomeadamente soja e farelo de soja, principalmente da América do Sul. No que se refere aos bagaços de oleaginosas, a UE apenas produz 27% do que necessita para alimentar o sector pecuário, refere uma nota de imprensa do gabinete do eurodeputado.

“A dependência de fontes externas de proteína torna a União Europeia vulnerável a disputas comerciais, às restrições às exportações e às tensões geopolíticas. Necessitamos, por isso, de um sistema alimentar mais autónomo e auto-suficiente”, afirmou o eurodeputado do PSD.

Para Paulo do Nascimento Cabral, o sector pecuário é parte da solução, mesmo do ponto de vista ambiental, uma vez que “o aumento da produção de proteína animal não implica necessariamente um acréscimo das emissões de gases com efeito de estufa. Os avanços científicos, incluindo a alimentação de precisão, a melhoria genética e os suplementos alimentares redutores de metano, demonstraram ser eficazes na redução das emissões por unidade de produção”. Destacou ainda que o efectivo pecuário da União Europeia registou uma redução de 25% nos últimos 20 anos, mantendo os níveis de produção, graças a ganhos de eficiência.

O eurodeputado sublinhou que “em muitas regiões, particularmente ilhas, zonas montanhosas e outras áreas de difícil exploração agrícola, a produção animal é muitas vezes a única opção viável. Por exemplo, nos Açores, pela altitude de parte significativa do seu território, o cultivo de proteínas vegetais apresenta desafios acrescidos. Nestes locais, a pecuária não é apenas uma necessidade económica, mas também um meio de garantir a produção alimentar local e a subsistência das comunidades rurais”.

Além disso, realçou que “a economia circular beneficia da pecuária, pois muitos subprodutos da agricultura arável são utilizados na alimentação animal, reduzindo o desperdício e aumentando a eficiência. Os resíduos pecuários podem ser convertidos em biometano, que contribui para a redução da dependência dos combustíveis fósseis, promovendo um sistema agrícola mais sustentável e eficiente”.

Paulo do Nascimento Cabral defendeu ainda ser “fundamental investir na investigação e inovação, uma vez que a produção de proteína vegetal enfrenta quatro grandes desafios: infestantes, fungos, pragas, e a intensificação das alterações climáticas. Por isso, as instituições europeias devem apostar nas Novas Técnicas Genómicas, visto que estas contribuem para aumentar a sustentabilidade e a resiliência do sistema alimentar da União Europeia, permitindo o desenvolvimento de variedades vegetais mais resistentes ao clima e às pragas”.

Nas suas notas conclusivas, o eurodeputado reafirmou que “todos os tipos de produção proteica não são apenas necessários, mas, acima de tudo, complementares. Muitos subprodutos da agricultura arável são integrados na produção animal, evidenciando a interconexão intrínseca dos nossos sistemas agrícolas. O verdadeiro desafio reside na promoção de uma economia circular e na identificação de soluções equilibradas que beneficiem todas as partes envolvidas. A União Europeia abrange uma ampla diversidade de realidades agrícolas, pelo que não existe uma abordagem única aplicável a todos os contextos. É essencial adaptar as estratégias às especificidades de cada região, garantindo, simultaneamente, a sustentabilidade e a resiliência do sector como um todo”.

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