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Estudo. Fibras de eucalipto português suportam 5 vezes mais ciclos de reciclagem que outras espécies

Um estudo desenvolvido pela Universidade da Beira interior (UBI), com o apoio do RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel, vem demonstrar que as fibras de Eucalyptus globulus são mais recicláveis. Os resultados foram divulgados no Tappi Journal, revista científica reconhecida internacionalmente há mais de 60 anos, confirmando as conclusões a que tinha chegado a Tokyo University of Agriculture and Technology em 2001.

O estudo agora divulgado no Tappi Journal destaca “a maior reciclabilidade das fibras de Eucalyptus globulus, usadas na pasta não branqueada produzida pela The Navigator Company no Complexo Industrial de Aveiro, bem como a sua excelente aptidão para a produção de papéis de embalagem”. Os testes realizados revelam que “as fibras do eucalipto português apresentam uma capacidade de suportarem, no mínimo, cinco vezes mais ciclos de reciclagem do que fibras de outras espécies e sem perderem características de alto desempenho”, salienta uma nota de imprensa da Navigator.

“Este é um atributo particularmente importante num contexto de economia circular, indo ao encontro de um modelo económico mais resiliente ao permitir um uso mais sustentável dos recursos, que podem ser utilizados várias vezes no processo produtivo”, adianta a mesma nota salientando que “este é também um factor diferenciador para a indústria recicladora, na medida em que a utilização das fibras de Eucalyptus globulus contribui para garantir uma matéria-prima mais apta para dar origem a produtos de qualidade superior mesmo depois de submetidos a diversos ciclos de reciclagem”.

Para chegar a estes resultados, o estudo “Recycling performance of softwood and hardwood unbleached kraft pulps for packaging papers”, disponível no Tappi Journal, comparou a pasta não branqueada de fibra curta de Eucalyptus globulus com a pasta de fibra longa (de Pinus sylvestris) não branqueada de um concorrente nórdico, utilizada na produção de papéis de embalagem.

Propriedades funcionais conservadas

Depois de submetidas a testes de rebentamento e de resistência à compressão (Short-Span Compression Test SCT) – ensaios que funcionam como bons indicadores de resistência e desempenho de uma caixa de cartão, por exemplo – as folhas produzidas com pasta de eucalipto não branqueada conservaram as suas propriedades funcionais chave e mantiveram-se aptas para a utilização em papel de embalagem após dez ciclos de reciclagem. Pelo contrário, as folhas obtidas a partir de fibra longa de pasta não branqueada perderam drasticamente essa aptidão logo após o segundo ciclo de reciclagem, estando apenas aptas para a produção de papel de embalagem, de menor resistência, logo de menor qualidade.

A metodologia e resultados obtidos com o apoio da Aalto University, da Finlândia, foram submetidos e aceites para publicação na edição de Fevereiro do Tappi Journal, uma referência no mundo científico na publicação das mais recentes e relevantes pesquisas sobre produtos florestais e as suas indústrias.

No âmbito dos estudos desenvolvidos pela UBI e o RAIZ, foi ainda efectuada uma comparação entre duas pastas de celulose não branqueadas de alto rendimento, que concluiu pela vantagem da pasta não branqueada de Eucalyptus globulus relativamente à pasta não branqueada de Eucalyptus urograndis (espécie dominante no Brasil) para a produção de papel de embalagem quando a fibra é sujeita a vários ciclos de reciclagem. Em breve, um novo artigo científico com estes resultados será também submetido para publicação em revista internacional.

Primeira pasta produzida há 66 anos em Cacia

Salienta a mesma nota da Navigator que o sucesso industrial do Eucalyptus globulus é reconhecido desde 1957, quando um grupo de pioneiros se tornou o primeiro, em todo o Mundo, a produzir à escala industrial pasta de celulose para o mercado pelo processo kraft ou ao sulfato (separação química das fibras da madeira com recurso a sulfato de sódio em meio alcalino) – o principal processo de produção de pastas celulósicas a nível mundial —, a partir desta espécie, na Fábrica de Aveiro, em Cacia.

Este foi o ponto de partida de um percurso que viria a transformar a empresa num dos maiores produtores mundiais de pasta branca de eucalipto globulus e de papéis de impressão e escrita. Actualmente, a Navigator ocupa o primeiro lugar a nível europeu e o 5º a nível mundial na produção de pasta de eucalipto, a partir de florestas certificadas plantadas exclusivamente para esse efeito, apresentando uma capacidade de produção de 1,6 milhões de toneladas nas fábricas de Setúbal, Figueira da Foz e Aveiro.

Para além da pasta e do papel, o processo tradicional de produção de pasta de celulose a partir do eucalipto globulus gera actualmente outros “subprodutos valiosos, exemplos de que a inovação, tal como a sustentabilidade, são dois valores fundamentais da The Navigator Company desde a sua origem. As fábricas estão a transformar-se em biorrefinarias com capacidade para o desenvolvimento de novos produtos e soluções sustentáveis, naturais, recicláveis, biodegradáveis, substitutos de outros de origem fóssil, dos biocompósitos aos produtos bioactivos e essências partir biomassa florestal”.

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Um comentário

  1. Vitor Manuel Novo Lajes

    Quando a noticia é condicionada, apesar do titulo
    Deviam comparar com outras espécies portuguesas e estrangeiras, como o pinho bravo e o bambu
    O Bambu pode ser o futuro da pasta de papel , resistência, depurador e crescimento muito mais rápido do que o eucalipto e é menos destruidor da terra

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