O primeiro Governo liderado por António Costa aprovou em 2018 uma Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais, “construída pelo Ministério da Agricultura com o total envolvimento da produção e que, em 17 medidas específicas, trilhava o caminho para um grau de auto-aprovisionamento de 25%, nível ainda baixo, mas que nos colocava uma situação de menor dependência”.
“Passados três anos, e apesar do “alegado” empenho do Ministério, nada aconteceu. Aliás, a medida mais emblemática desta estratégia – que passava pela reactivação de uma ajuda ligada à produção de cereais no âmbito da PAC [Política Agrícola Comum], a arrancar já em 2022 – foi pura e simplesmente descartada, ainda que esta já estivesse preparada, discutida com a produção, a Comissão Europeia e, até, amplamente anunciada. E, convenhamos, não era uma novidade. Falamos de uma medida que já existe em 10 países da UE…”.
As palavras são do agricultor e presidente da direcção da ANPOC – Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais, José Pereira Palha, e foram escritas em artigo de opinião, para o site agregador de notícias agroportal.pt.
José Pereira Palha, no mesmo artigo de opinião, refere que “a tutela tem ido exactamente em sentido contrário ao da resolução do problema, mas, e tanto quanto sabemos, no novo PEPAC a situação finalmente será corrigida, assim esperamos”, alertando que, “no caso da agricultura, e especialmente no caso dos cereais, Portugal depende em cerca de 90% de países terceiros (na UE apenas Malta tem uma situação pior que a nossa)”.
“A situação é particularmente grave no caso do trigo mole para o pão e do trigo duro para massas. Ou seja, o nosso grau de auto-aprovisionamento não atinge os 10% pelo que, nos tempos conturbados em que vivemos, a falta deste cereal pode mesmo ser uma realidade. Os países que nos fornecem podem parar as exportações, os cargueiros carregados podem ser desviados para países que paguem mais, ou podem simplesmente não conseguir descarregar devido à enorme pressão que se vive nos portos”.
Para o presidente da direcção da ANPOC , “neste momento o problema é real, existe, e é o momento de olhar para o sector agrícola como um sector estratégico para o País e não como o parente pobre da economia, bode expiatório e moeda de troca em jogos de política doméstica, alvo de cedências a outros partidos a troco de apoio parlamentar”.
O artigo de opinião pode ser lido na sua totalidade aqui.
Agricultura e Mar Actual