Editorial
Florestas de volta ao Ministério da Agricultura. Possibilidade de reversão da extinção das Direcções Regionais de Agricultura e Pescas (DRAP). Foco na resolução da falta de água nas explorações agrícolas e forte aposta na expansão e requalificação do regadio. Estas são as promessas centrais do presidente do Partido Social Democrata (PSD) e líder da Aliança Democrática (AD) que levaram o ex-presidente da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal, Eduardo Oliveira e Sousa, a avançar como candidato independente, com lugar elegível, enquanto cabeça de lista por Santarém.
Mas, se a AD, coligação entre PSD, CDS e PPM, formar governo após as eleições legislativas antecipadas de 10 de Março, Eduardo Oliveira e Sousa pode não se ficar como deputado à Assembleia da República, sendo uma voz activa pela defesa do Mundo Rural. Provavelmente, será o próximo ministro da Agricultura e Florestas. Um cargo que não afastou na entrevista que deu ao semanário Novo.
A acontecer, será a “prova de fogo”. O homem que conhece a agricultura portuguesa, os agricultores, o Mundo Rural, vai ter de provar que consegue gerir todos os apoios europeus disponíveis, pondo-os nas mãos dos agricultores a tempo e horas.
E o ministro do PS?
E se ganhar o Partido Socialista (PS), agora liderado por Pedro Nuno Santos? Quem será o seu ministro da Agricultura? Não se sabe. Mas, possivelmente, sabe-se que nunca será Luís Capoulas Santos, o primeiro ministro da pasta nos governos de António Costa, que não aceitou continuar no cargo por não concordar com a separação das florestas e do desenvolvimento rural do Ministério da Agricultura. E que, em Dezembro de 2023, anunciou que não pretendia voltar a ser candidato a deputado.
Para mais, Capoulas — um ministro quase sempre consensual entre a grande maioria dos agricultores — foi apoiante de José Luís Carneiro, ao contrário da actual ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, que preferiu Pedro Nuno Santos, que a excluiu das listas de candidatos às eleições legislativas de 10 de Março. Maria do Céu Antunes aceitou ser ministra da Agricultura sem as florestas. E sem o desenvolvimento rural. Aceitou a extinção das DRAP enquanto ministra da Agricultura. E é recorrentemente acusada, pelos agricultores, de “incompetente”.
Sendo assim, a ser o Partido Socialista a formar Governo — e antevendo-se a dificuldade do PS de levar para o Executivo personalidades da sociedade civil e a falta de pessoas competentes na matéria dentro do partido — poderá restar um nome: Ascenso Simões.
Apoiante de Pedro Nuno Santos, apesar de conotado com a ‘ala direita’ do PS, Ascenso Simões foi secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas entre Janeiro de 2008 e Outubro de 2009, num dos governos de José Sócrates, em que era Jaime Silva o ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas.
No passado dia 25 de Janeiro, em artigo de opinião publicado no semanário Expresso, Ascenso Simões escreveu que “O PS tem de refazer a sua relação com os agricultores. E já!”. Os agricultores responderam: “Já é tarde”.
Carlos Caldeira