“Estou convencido de que a China vai voltar outra vez em força aos mercados e que vamos ter uma subida do preço dos porcos nos primeiros meses do ano, sendo que as matérias-primas devem manter-se a níveis altos até à próxima colheita. Esta situação não vai seguramente evitar que muitos produtores europeus parem com a produção e que se registe uma forte reestruturação do sistema de produção a nível europeu”.
Quem o escreve é António Tavares, presidente do Grupo de Trabalho da Carne de Porco no COPA-COGECA e consultor da FPAS — Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores em Assuntos Europeus.
“Os movimentos vegan e anti-carne, que representam uma pequena minoria da população, têm normalmente mais tempo de antena do que todo o sector agrícola”
No entanto, em artigo de opinião publicado na revista “Suinicultura”, António Tavares, considera que “a produção futura estará fortemente comprometida nos pequenos países que têm estruturas pequenas e de baixa produtividade. O exemplo disso são os países como os estados bálticos onde hoje em dia o preço dos porcos anda entre os 65 a 70 Cts (peso vivo)”.
Por outro lado, considera que “os pequenos produtores que não estejam organizados em organizações de produtores fortes e bem estruturadas vão ter grande dificuldade em sobreviver”.
“Produção vai concentrar-se prioritariamente nos países do Sul”
Em resumo, para António Tavares, “a produção vai concentrar-se prioritariamente nos países do Sul e vai ser liderada pela Espanha. O nosso País, apesar de ser pequeno, está muito ligado a Espanha e pode (e deve) apanhar boleia estruturando-se ao nível dos matadouros de modo a virmos a ser cada vez mais competitivos”.
“Diria que temos grandes desafios pela frente mas se soubermos aproveitar as oportunidades temos todas as condições para não só mantermos a suinicultura em Portugal mas também para crescermos a nível europeu”, escreve ainda o consultor da FPAS.
“Situação difícil” a nível da UE
António Tavares, no seu artigo de opinião, não esquece que a nível político europeu “vivemos uma situação difícil uma vez que temos um Comissário da Agricultura que é frontalmente contra as produções industriais, defendendo as pequenas explorações e o comércio de proximidade. Temos uma Presidente da Comissão que defende a agricultura biológica com uma meta de 25% para 2030. E temos um Vice-presidente da Comissão que manda também na agricultura e que lançou o “Farm to Fork”, programa que nos vai exigir fortes investimentos nas nossas explorações”.
E relembra a mudança política na Alemanha com o partido dos Verdes a ficar com o Ministério da Agricultura anunciando imediatamente metas de 30% para a agricultura biológica para 2030.
Por outro lado, salienta que “os movimentos vegan e anti-carne, que representam uma pequena minoria da população, têm normalmente mais tempo de antena do que todo o sector agrícola. Não podemos desprezar o aparecimento da “carne” sintética feita em laboratório que já está no mercado”.
Pode ler o artigo de António Tavares aqui.
Agricultura e Mar Actual