O XIV Congresso Nacional do Milho 2023 consegue a maior participação de sempre, com a presença de mais de 900 participantes, dos quais cerca de 300 são estudantes. E são seis os ex-ministros da Agricultura vão participar no último painel do congresso. Juntos irão debruçar-se sobre os “desafios que se colocam à agricultura portuguesa nas próximas décadas?”
Ao longo de dois dias, 15 e 16 de Fevereiro, no CNEMA — Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas, em Santarém, vão debater-se temas de “extrema relevância para o sector que atravessa um momento de crescentes desafios quanto ao futuro”.
Trata-se de uma organização da Anpromis — Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo, que celebra este ano o seu 35º aniversário, e que conta com o patrocínio do Novo Banco.
Jorge Neves, presidente da Anpromis ressalva a importância deste encontro que irá debater temas estratégicos para o sector. E destaca um dos painéis do Congresso – Crise energética: Como nos adaptarmos? –, referindo que os agricultores “têm capacidade de se adaptar aos desafios, mas não podem adivinhar o futuro”. Este painel vai precisamente ao encontro dessa adaptação. Neste painel vai estar presente Samuel Taylor, do departamento de pesquisa do Rabobank, uma instituição de referência no sector. “O contributo deste especialista vai trazer alguma luz sobre o que vai acontecer nos próximos tempos, salienta Jorge Neves.
PEPAC
O futuro da produção de milho em Portugal, o regadio e a produção de milho no âmbito do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) são outros dos temas em análise. Jorge Neves diz-se “expectante” sobre este painel porque “estamos à beira do início de uma campanha, estamos à beira do início das inscrições para o pagamento único, estamos no início do novo PEPAC e ainda não temos o quadro legislativo completo que regule as medidas que vão ser implementadas durante este ano”.
De salientar ainda a participação de Máximo Torero, economista-chefe da FAO no painel “Qual o papel da agricultura na geopolítica mundial?”. Este orador referiu recentemente que o Mundo vai sofrer este ano “um problema significativo de acesso a alimentos”, à medida que a invasão russa da Ucrânia se prolonga. Acrescentando ainda que “a lenta produção e distribuição de produtos agrícolas e fertilizantes pela Rússia e Ucrânia elevou os preços globais dos alimentos”.
O economista-chefe da FAO destacou ainda que “o acordo entre Moscovo e Kiev sobre as exportações de grãos da Ucrânia pode não ser renovado quando expirar no próximo mês, e o fracasso agravaria ainda mais o problema de abastecimento de alimentos”. A concluir sublinhou que “a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e o Covid-19 mostraram como os sistemas agrícolas e alimentares atuais são vulneráveis”.
Mais de 300 estudantes participam no debate
A academia junta-se ao congresso, levando a este palco de debate do sector agrícola mais de 300 estudantes de várias instituições de ensino de todo o País. “A aposta que a Anpromis tem feito nos últimos anos de aproximar a academia do mundo empresarial, que representamos, é para nós extremamente importante pois os estudantes de hoje vão ser os agricultores de amanhã e terão de fazer face aos crescentes desafios que lhes vão ser colocados, tanto numa vertente técnica, como política” refere Jorge Neves.
Ex-ministros da Agricultura debatem futuro
Por outro lado, são seis os ex-ministros da Agricultura vão participar no último painel do congresso. Juntos irão debruçar-se sobre os “desafios que se colocam à agricultura portuguesa nas próximas décadas?”, num debate que a organização espera “extremamente interessante e vivo em torno de um sector que se revela extremamente importante não só no desenvolvimento do nosso País, como na coesão do território português”.
Os ex-ministros presentes são: Arlindo Cunha (Ministro da Agricultura — 1990/1994); Fernando Gomes da Silva (Ministro da Agricultura — 1995/1998); Luís Capoulas Santos (Ministro da Agricultura — 1998/2002 — 2015/2019); Carlos Costa Neves (Ministro da Agricultura — 2004/2005); António Serrano (Ministro da Agricultura — 2009/2011); Assunção Cristas (Ministra da Agricultura — 2011/2015).
No âmbito deste evento terá também lugar a Assembleia Geral da CEPM (Confederação Europeia dos Produtores de Milho), da qual a Anpromis detém a vice-presidência. A CEPM envolve actualmente 10 países e representa cerca de 90% da superfície de milho semeada ao nível da União Europeia, numa área total que ronda os 15 milhões de hectares – 9 milhões de hectares de milho.
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