A direcção da CNA — Confederação Nacional da Agricultura diz que, “apesar de o Governo e o Ministério da Agricultura terem apostado todas as “fichas” nestas negociações [da reforma da Política Agrícola Comum], a verdade é que a nova PAC poderá ficar definida apenas em Junho. Isto, se acontecer ainda durante a Presidência Portuguesa que termina no final do primeiro semestre do ano”.
Por isso garante que tendo fracassado as negociações, “continua e ganha redobrada força e razão a luta da CNA” e promete voltar às ruas, em manifestação, em Lisboa, no próximo dia 14 de Junho, “por uma PAC mais justa e solidária, em defesa da agricultura familiar e do Mundo Rural”.
Em comunicado, a direcção da CNA diz que “perante este resultado, ganha força e razão a luta, a reclamação e as propostas da CNA, das filiadas – e de muitas organizações camponesas europeias – que têm contestado o rumo desta PAC”.
“É contra este rumo que voltamos à rua a 14 de Junho. Vamos a Lisboa por ocasião de mais uma reunião de ministros da Agricultura da União Europeia, quando se encerra mais uma reforma da PAC”.
Diz a Confederação que, “para lá das razões que impediram agora o estabelecimento de um acordo para aprovar a Reforma da PAC, na verdade, o que está em causa não é susceptível de alterar os problemas de fundo da proposta em debate”.
Assim, acrescenta, “vamos lutar contra uma PAC que tem deixado um rasto de destruição entre a agricultura familiar e o Mundo Rural e criado grandes injustiças e “insustentabilidades” do ponto de vista económico, ambiental e social”.
“Vamos dizer não a uma PAC que, de mãos dadas com a Organização Mundial do Comércio (OMC), arrasou os preços na produção e os rendimentos dos Agricultores; desligou as ajudas da produção; impulsionou as importações sem controlo e instalou a extrema injustiça na distribuição dos dinheiros públicos por países/regiões e por agricultores abrindo caminho à ruína da agricultura familiar e do Mundo Rural”, realça o mesmo comunicado.
Eliminadas 400 mil explorações agrícolas
Refere ainda a direcção da Confederação Nacional da Agricultura que, desde a adesão à então CEE, “foram eliminadas em Portugal perto de 400 mil explorações agrícolas, sobretudo pequenas e médias. As zonas rurais estão cada vez mais desertificadas, os grandes interesses económicos privatizam e concentram recursos naturais, o ambiente degrada-se e a qualidade alimentar da população também”.
“Por isso, a 14 de Junho vamos a Lisboa mostrar aos ministros de toda a União Europeia as nossas razões de protesto e apresentar propostas e reclamações por uma PAC que assegure uma distribuição justa das ajudas, atribuídas apenas a quem produz; que aposte nos circuitos curtos de comercialização; valorize os sistemas policulturais; facilite o rejuvenescimento da Agricultura garantindo rendimentos justos e serviços públicos de proximidade; apoie a transferência de conhecimento com a valorização do aconselhamento agrícola; entre outras medidas capazes de promover e defender a qualidade da alimentação da população, a sustentabilidade do território e a dignidade do trabalho”.
Agricultura e Mar Actual