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Aprolep: “dar milho às vacas com o actual preço do leite é deitar dinheiro fora”

A direcção da Aprolep — Associação dos Produtores de Leite de Portugal considera que “dar milho às vacas com o actual preço do leite é deitar dinheiro fora”. E diz que “até agora a Senhora Ministra da Agricultura ignorou esta situação”.

“Se a indústria (privada ou cooperativa) e a distribuição continuarem a ignorar os custos de produzir leite em Portugal, teremos de aconselhar os produtores a fechar as vacarias ou reduzir a produção de leite em 20 ou 30% para não precisarem de comprar silagem ou para equilibrarem as contas vendendo o milho para mercado de grão”, alerta a Aprolep em comunicado.

E relembra que, no 1 de Junho, Dia Mundial do Leite, em comunicado, expôs as dificuldades dos produtores de leite face à subida dos custos de produção, nomeadamente o gasóleo agrícola, o adubo, o milho e o bagaço de soja, que representaram até Maio um aumento de 50% no custo total para produzir um litro de leite, face a igual período de 2021.

“Um kg de ração para as vacas custa mais de 50 cêntimos e os produtores recebem por um litro de leite 40 cêntimos no continente e 33 cêntimos nos Açores”, realça a Associação.

Aumentos baixos

Entretanto, acrescenta o mesmo comunicado, durante a semana a empresa Queijos Santiago anunciou 5 cêntimos de aumento para Julho, “o que não é suficiente, mas aproxima-se do nosso objectivo”. A Fromageries Bel, que coloca no mercado produtos de valor acrescentado, veio anunciar uma actualização de apenas 2 cêntimos a partir de Julho e os produtores que fornecem a marca Pingo Doce foram informados também de um aumento de 2 cêntimos a partir de 1 de Junho.

Ao mesmo tempo, “tivemos conhecimento que o Pingo Doce anunciou nos supermercados, em letras garrafais, que “bloqueou” o preço do leite até ao final de Julho. Nós respeitamos o direito do Grupo Jerónimo Martins repartir alguns dos 463 milhões de euros de lucros que teve em 2021, mas como não partilhamos esses lucros não podemos agora partilhar essa factura”.

Para a direcção da Aprolep, “o problema é que ninguém nos bloqueou o preço do gasóleo, do adubo, da electricidade para a rega e da ração para os animais, coisas que não podemos comprar no Pingo Doce. O que nós temos, além dos aumentos dos custos, são limitações ao uso de água de rega em algumas regiões. O milho silagem vai custar mais a produzir e vai ter um valor superior no mercado porque está ligado ao milho grão, cujo valor aumentou no último ano e em particular após o início da guerra na Ucrânia”.

A Associação dos Produtores de Leite de Portugal espera ainda uma resposta das cooperativas associadas na Lactogal, indústria líder do mercado, em termos de quantidade, que “por ser propriedade das cooperativas dos produtores, devia também ser líder no preço do leite”.

“Esperamos ainda uma resposta do Senhor Primeiro-ministro sobre este assunto, uma vez que até agora a Senhora Ministra da Agricultura ignorou esta situação. Ainda produzimos o leite que Portugal precisa mas não podemos continuar a cultivar os campos e a alimentar os animais se aqueles que dizem apoiar a produção nacional trancam a sobrevivência das nossas empresas agrícolas”, diz o mesmo comunicado.

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