A ANPC — Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade — que tem como objectivo a defesa da propriedade rural e das actividades que asseguram a sustentabilidade do mundo rural e as funções essenciais destes espaços, em particular da caça e da biodiversidade — congratula-se pelas palavras ontem, 30 de Dezembro, proferidas pelo ministro do Ambiente e Acção Climática, João Pedro Matos Fernandes, à margem da visita que efectuou ao Pinhal de Leiria, na Marinha Grande, quando considerou que “a caça é uma actividade da maior relevância para a manutenção da biodiversidade”.
“O sentido desta afirmação – sobretudo depois do lamentável caso da Herdade da Torre Bela – é da maior importância para o sector da caça, pois demonstra uma atitude informada e construtiva para o futuro da caça em Portugal”. António Paula Soares, presidente da ANPC, considera que “estas palavras trazem confiança ao sector, pois perspectivam uma atitude de compreensão para o relevante papel que a caça desempenha ao nível ambiental e da protecção dos habitats, contrastando de forma muito evidente com o extremismo animalista e o preconceito ideológico que um pequeno partido político tem tido contra a caça“, referindo-se ao PAN – Pessoas-Animais-Natureza.
António Paula Soares acrescenta que, ainda recentemente, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) confirmou essa importância, comunicando uma tendência de crescimento da população de abutres pretos no Parque Natural do Tejo Internacional, um aumento de 33% de casais de reprodutores de águia imperial ibérica no Alentejo, principalmente no Parque Natural do Vale do Guadiana e na ZPE de Castro Verde, e o fantástico censo de 2019 do Lince Ibérico, que coloca o Vale do Guadiana com a maior taxa de produtividade em termos de ninhadas da Península Ibérica, na sua esmagadora maioria em zonas de caça.
Trabalho de gestores cinegéticos e de caçadores
“Estes resultados são fruto do trabalho de gestores cinegéticos e de caçadores, em conjunto com o ICNF, proprietários rurais, agricultores e ONGA’s, mantendo e promovendo os habitats que tornam em realidade estes sucessos da conservação da natureza e da promoção da biodiversidade em Portugal. Saudamos, por isso, as declarações, e apelamos ao ministro que dialogue com o sector, e que imprima uma nova dinâmica ao Centro de Competências para o Estudo, Gestão e Sustentabilidade das Espécies Cinegéticas e Biodiversidade, na qual o conhecimento, a ciência e a tecnologia podem desempenhar um papel fundamental não só para o sector, mas também para a promoção da biodiversidade e da conservação da natureza”, realça o presidente da ANPC.
Para a Associação Nacional de Proprietários Rurais, a actividade cinegética, com regulação adequada, assente em critérios de ponderação e racionalidade pode, efectivamente, contribuir para o equilíbrio dos ecossistemas e para uma maior sustentabilidade da gestão das populações animais, sejam elas cinegéticas ou não.
“Há um dever de auscultar os proprietários rurais, os gestores cinegéticos, agricultores e gestores florestais que, quotidianamente, dão vida ao interior do País, criam emprego e preservam as suas propriedades e os seus recursos, arbóreos e animais. Portugal terá um futuro tão mais sustentável ao nível do equilíbrio dos ecossistemas, incluindo o da reabilitação e recuperação de espécies, quanto mais basear as suas políticas no conhecimento, na ciência e na tecnologia, e também quanto mais colaborar com o sector, que pretende uma visão moderna, equilibrada e sustentável para a caça”, considera a Associação.
Agricultura e Mar Actual