Início / Agricultura / Agricultores pagam campanha publicitária de lançamento de novo livro de José Rodrigues dos Santos

Agricultores pagam campanha publicitária de lançamento de novo livro de José Rodrigues dos Santos

Editorial

O novo livro de José Rodrigues dos Santos é o mais vendido na Fnac. E o mais procurado online na Bertrand. Este é o resultado da campanha publicitária, bem sucedida, lançada pelo romancista e jornalista da RTP, numa entrevista à Rádio Observador, no passado dia 26 de Novembro, e paga pelos agricultores e produtores pecuários.

Nesta entrevista, onde o entrevistador, João Paulo Sacadura, — deixa muitas vezes o papel de jornalista e se junta à causa vegan do romancista —, José Rodrigues dos Santos compara os campos de concentração de Auschwitz, alemães, e os Gulag, da antiga União Soviética, aos matadouros nacionais, nos quais se abatem os animais que os portugueses comem às suas mesas com a Família.

Quando comecei a estudar muito este assunto, comecei a perceber que havia uma outra realidade para a qual eu não estava muito sensível e portanto me fez despertar (..) nós temos ao perto das nossas casas uma coisa chamada matadouro onde se matam seres conscientes, seres inteligentes, muito mais inteligentes do que nós pensávamos”, diz José Rodrigues dos Santos.

Tornou-se viral este ataque aos agricultores e aos produtores pecuários portugueses. Um ataque que paga, gratuitamente, a campanha publicitária do livro, de ficção, de José Rodrigues dos Santos, intitulado “O jardim dos animais com alma”. Gratuitamente para o romancista, porque os custos suportados pelos Agricultores ainda não são conhecidos

E garante que “descobriu-se que a produção animal é o grande causador das mudanças climáticas”. “Mais que todos os transportes do Mundo”, realça logo o entrevistador João Paulo Sacadura.

“Nós temos os governos de todo o Mundo, e incluindo o nosso, a abraçar a Greta com grandes lágrimas de crocodilo, mas que ao mesmo tempo estão a financiar massivamente a agricultura, que contribui para o problema ao qual a Greta se diz opor”, diz ainda o jornalista (depois de “estudar muito este assunto“). E João Paulo Sacadura não se cansa de repetir a ideia afirmando “é mais perigosa para o planeta que todos os transportes”.

Na mesma entrevista, José Rodrigues dos Santos, que garante ter estudado muito este assunto, conclui: “Portanto, a agricultura é a principal responsável pela catástrofe ambiental que o planeta enfrenta. E o que fazem os governos? Subsidiam a produção animal”.

E salienta, sobre a Política Agrícola Comum (PAC): “houve um discurso durante muito tempo, como todos sabemos, que a culpa [das alterações climáticas] era só dos combustíveis fósseis. E hoje estamos a descobrir que os combustíveis fósseis têm responsabilidades, mas se calhar não são os principais responsáveis (…) os principais responsáveis é a forma como nós tratamos os animais”, problemas que estavam sempre a ser colocados “por baixo do tapete como algo que não convinha falar”.

E portanto, os governos e os responsáveis pela PAC, “nesse sentido, partilham responsabilidades porque não falaram toda a verdade e sobretudo não a verdade principal”.

José Rodrigues dos Santos culpa ainda os governos mundiais pela destruição da floresta amazónica. “O que se está a passar no Brasil e na floresta amazónica resulta do facto de haver uma procura de consumidores, no Ocidente e na China, que querem comer carne (…) que estão a encorajar a destruição da floresta da Amazónia (…) não vale a pena estarmos a culpar os brasileiros (…) Se a procura parar [de carne] acaba a destruição da floresta e há a devolução da floresta aos animais, porque ela já não é necessária”.

“Somos o principal motor dos problemas e também somos quem tem a solução para o problema. E a solução aqui é muito simples, não vale a pena fazer manifestações ou abraçar a Greta, não é preciso nada disso. Basta parar de comer carne, é um acto simples. Ou reduzir o consumo de carene ao mínimo. Até é mais saudável conforme vários estudos sobre a saúde humana demonstram (…) agora é preciso fazer isto de uma forma informada porque nós precisamos de substituir as proteínas”, alerta quem estudou o assunto.

A entrevista foi realizada a 26 de Novembro de 2021. Mas só a 16 de Dezembro, quase um mês depois, os informados cidadãos da FALA – Frente Activa pela Libertação Animal e da Associação Vegetariana Portuguesa a descobriram e começaram a partilhar na rede social Facebook.

Tornou-se viral este ataque aos agricultores e aos produtores pecuários portugueses. Um ataque que paga, gratuitamente, a campanha publicitária do livro, de ficção, de José Rodrigues dos Santos, intitulado “O jardim dos animais com alma”. Gratuitamente para o romancista, porque os custos suportados pelos Agricultores ainda não são conhecidos.

Carlos Caldeira

 
1
Share
     1 
   
 

Verifique também

Indústrias de madeira e mobiliário debatem descarbonização e gestão da floresta em Congresso

Partilhar         1    1ShareO 8º Congresso das Indústrias de Madeira e Mobiliário, sob o mote “Um Rumo de …

9 comentários

  1. Esse indivíduo tem um mente muito curta. Sabe pouco, estuda pouco e afirma demais

  2. Muito fraco – intelectualmente e de baixo nível académico.

  3. Parece que Descobriu a pólvora. Um jornalista muito mal informado

  4. Gostei de ler o livro, de resto tenho lido com gosto os livros do JRS, mas o tema do impacto da agricultura e pecuária no ambiente, nomeadamente no aquecimento global, não é novo. Só para dar um exemplo, em 2014 foi produzido um documentário que ilustra isto muito bem e que sugiro seja visto por todos. Chama-se “Cowspiracy” e pode ser visto, também por exemplo, na Netflix. O próprio JRS conhece certamente porque li no seu livro alguns comentários que são retirados a papel quimico desse documentario 🙂

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.