Os agricultores portugueses estão a pagar em média, no acto da compra, 1,144 €/litro pelo gasóleo agrícola, mais 22 cêntimos que os seus congéneres espanhóis que pagam 0,92€/litro, após o desconto automático de pelo menos 20 cêntimos por litro.
É certo que os agricultores portugueses estão a receber um apoio do Ministério da Agricultura de 0,147 cêntimos por litro — este ano já receberam 18 milhões de euros —, mas esse apoio é sempre relativo ao ano anterior. Mesmo assim, a diferença é de quase 8 cêntimos, face a Espanha.
Por outro lado, em Espanha, o desconto (apoio) é automático. Situação que, dizem agricultores contactados pela Revista Agricultura e Mar, “leva a uma situação de perda de competitividade. Os agricultores espanhóis têm o desconto na altura da compra, nós só depois de mais de um ano. Tal como está a acontecer com os apoios à seca e pela guerra na Ucrânia, recebemos sempre o apoio mais de um ano depois dos espanhóis. Depois admiram-se que os supermercados só têm produtos espanhóis. Pois… preferimos exportar para onde nos pagam mais”.
Esta é uma das queixas recorrentes das organizações de agricultores portuguesas: recebem sempre os apoios mais de um ano depois dos seus vizinhos espanhóis. Situação que, dizem, pode estar na origem do maior aumento dos preços dos produtos alimentares face a Espanha. “Eles [espanhóis] tiveram o apoio à produção a tempo e horas, logo os custos de produção não se fizeram sentir com tanta intensidade nos preços pagos pelos alimentos no consumidor final”, dizem os mesmos agricultores.
Refira-se que, tanto em Portugal como em Espanha, os agricultores podem conseguir comprar o gasóleo agrícola — colorido e marcado — com descontos adicionais, por exemplo através de protocolos com cooperativas e as gasolineiras. Mas, em Espanha há agricultores a comprarem o combustível por apenas 0,674 euros por litro (Badajoz), ou por 0,678 cêntimos, em Málaga.
Agricultura e Mar